Queda na indústria de MG afeta o país

Recuo na produção industrial em abril, na comparação com março, foi provocado por têxteis, cimento e refino

    A produção industrial de Minas Gerais apresentou queda de 1,15% em abril, na comparação com março, e teve impacto negativo no desempenho médio brasileiro. Os números que medem o ritmo de trabalho na indústria, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que apenas quatro dos 13 estados pesquisados apresentaram resultados positivos, o que derrubou a média da produção industrial nacional em 0,1% em abril, na comparação com março. Já na comparação com abril de 2006, o crescimento foi de 6%.


 


    As retrações de produção em empresas de cimento, têxteis e do refino de petróleo e álcool em Minas deram grande contribuição à queda de abril. Porém, mesmo com essa redução, a indústria mineira mantém tendência de alta e acumula este ano a terceira melhor taxa de crescimento no país (6,8%), atrás apenas de Paraná e Rio Grande do Sul.


 


    O ramo de minerais não-metálicos em Minas teve desempenho 3,8% menor entre março e abril, principalmente devido à diminuição da produção de cimento no estado. A indústria têxtil, muito afetada pela entrada de produtos importados motivados pelo dólar baixo no país, ainda não conseguiu se recuperar, registrando queda de 2,74% no período. Para os técnicos do IBGE, a retração da atividade produtiva mineira em 1,15% tem particularidades que escondem a real situação do estado. “O ritmo de trabalho nas fábricas é de crescimento, e a redução em abril ocorreu, em grande parte, por causa do forte crescimento de 5,55% em março. Isso aumentou a base de comparação no mês seguinte”, explica André Macedo, da Coordenação de Indústrias do IBGE.


 


    Segundo ele, apesar de Minas ser “o principal impacto negativo” no indicador de produção nacional de abril, a comparação do cenário atual com o mesmo período de 2006 e a evolução dos resultados ao longo deste ano mostram que a tendência é de alta. A indústria mineira cresceu 9,7% sobre abril do ano passado e desde janeiro acumula alta de 6,8% nos quatro primeiros meses.


 


    No estado, os ramos de veículos deram grande contribuição para o desempenho estadual no primeiro quadrimestre, com alta de 16,67%. A fabricação de máquinas e equipamentos subiu 18,41% (fabricação de ferroníobio e eletrodomésticos, principalmente) e o trabalho nas empresas metalúrgicas aumentou 5,02%.


 


Consumo
    O bom desempenho da produção industrial entre janeiro e abril foi causado, e ainda é, pelo forte crescimento do consumo no país, impulsionado pela oferta abundante de crédito. Seja nos hipermercados ou nas concessionárias de automóveis, as vendas do comércio não param de crescer, conforme pesquisas do próprio IBGE. Com essa sensação de que a economia está realmente no caminho certo, muitos empresários da indústria decidiram ampliar o quadro de funcionários.


 


    “O nível de emprego cresceu 7% nos primeiros quatro meses e, somente em abril, foram abertas 14 mil vagas na Região Metropolitana de Belo Horizonte”, diz o vice-presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Sérgio Cavalieri.


 


    Os segmentos que mais puxaram as contratações no quadrimestre, conforme a entidade, foram os de mecânica, que registrou alta de 27,28% sobre o mesmo período de 2006, mineração (14,25%), material de transportes (10,58%) e bebidas (10,52%). O aumento no uso da capacidade instalada passou de 80,26% no ano passado para 84,71% atualmente, o que reforça a necessidade de mão-de-obra extra.


 


Fonte: Jornal Estado de Minas