Com 350 peças, megamostra celebra os cem anos de Frida Kahlo
A capital mexicana promove a partir desta semana a megamostra Frida Kahlo, 1907-2007 – Homenagem Nacional. Maior exposição já realizada das obras de Frida, o evento comemora o centenário do nascimento da artista que, nos últimos dez anos, viro
Publicado 12/06/2007 19:54
A expectativa é que mais de 300 mil pessoas visitem a mostra, que começa na quarta-feira (12) e ficará em cartaz por dois meses, no Museu de Belas Artes, na Cidade do México. “Acho que, depois de ver essa exposição, ninguém mais terá dúvidas quanto à jornada artística de Frida”, disse Teresa Franco, diretora do instituto que administra o museu.
Serão expostas cerca de 350 peças – incluindo algumas cedidas de coleções nos Estados Unidos, além de 50 cartas pessoais e cem fotos. A mostra reflete os dramas e os traumas da pintora mexicana. Em 1925, ainda adolescente, Frida sofreu um acidente terrível, no qual quebrou sua coluna em três lugares e fraturou outros ossos também.
Enquanto convalescia, começou a pintar. O acidente e as seqüelas da poliomielite – que sofrera na infância – fizeram a artista sofrer dor física constante e ser incapaz de ter filhos. A agrura com freqüência é retratada em sua obra, que trata de temas de dor e deformação feminina.
Além do engajamento
Por duas vezes casada com o muralista mexicano Diego Rivera – quase 20 anos mais velho que ela -, Frida também teria tido um caso com Leon Trotsky, depois do exílio dele da União Soviética. Ela morreu em julho de 1954, após uma pneumonia. Rivera faleceu três anos depois.
O feminismo, o estilo de vida e as idéias comunistas se tornaram inseparáveis de sua arte. “Frida precisa ser lida como artista, por um lado, e, pelo outro, como alguém que pôs grande ênfase no problema feminino arquetípico”, afirma Teresa Franco Franco.
Alguns críticos – como Margaret Lindauer, da Universidade Virginia Commonwealth, – avisam que o estilo de vida de Frida e seu status cult vêm lançando sombra sobre seu valor artístico.
“Acho que a 'Fridamania' atual é algo que ela mesma criticaria, como criticou as normas sociais do início do século 20, tais como a expectativa de que ela devesse querer um filho”, disse Margaret, que é autora de um livro sobre a arte e a popularidade de Frida.
Descobertas
No início deste mês, pelo menos cem pinturas inéditas feitas por Frida e Rivera foram encontradas em um arquivo do museu Casa Azul, no bairro de Coyoacán, na Cidade do México. O acervo veio de um “quarto secreto” que os próprios artistas mandaram fechar – e pediram que fosse aberto após sua morte, em um prazo já vencido.
Frida nasceu na Casa Azul em 6 de julho de 1907. Das sacadas da propriedade, testemunhou a luta armada entre as tropas de Venustiano Carranza e do general Emiliano Zapata – a figura mais emblemática da Revolução de 1910, junto ao general Francisco “Pancho” Villa. A pintora ficou reclusa nesse imóvel pela primeira vez em 1918, depois de receber o diagnóstico de poliomielite. E também foi onde deu asilo a Trotsky.
Desde o ano passado, uma equipe de pesquisadores trabalha na catalogação do conteúdo de várias caixas com correspondências, manuscritos e documentos que foram guardados por mais de cinco décadas. Ali foram achados os traços íntimos da pintora, os papéis que conservam a memória de uma etapa a mais de sua vida de luta neste casarão, hoje transformada no Museu Frida Kahlo.
Hilda Trujilo, diretora do museu, anunciou que os detalhes das obras se tornarão públicos em 27 de junho. A descoberta se tornou o maior acontecimento dentro das festas de escala internacional do centenário do nascimento de Frida.