Ciro Gomes critica a espetacularização das CPIs

O deputado federal e ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB-CE), questionou ontem o empenho da oposição em criar CPIs desnecessárias no Congresso.  Para ele, no entanto, é algo “compreensível”, porque parte da mídia é induzida a

O deputado federal e ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB-CE), questionou ontem, durante evento sobre reforma política realizado em Franca (SP), a necessidade de duas CPIs – uma na Câmara e outra no Senado – para se investigar a crise no sistema aéreo brasileiro.


 


“As instituições regulares estão todas operando. Há inquéritos pela Polícia Federal, Infraero, DAC (Departamento de Aviação Civil) e Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para apurar causas e responsabilidades. O que essas CPIs vão fazer, tirando o espetáculo, a tentativa de sujar o paletó do Lula (presidente Luiz Inácio Lula da Silva)?”, indagou.


 


Para Gomes, “uma CPI já é expressão de desvio, diante das verdadeiras e graves responsabilidades que o parlamento brasileiro tem”.


 


Para ele, no entanto, é algo “compreensível”, porque parte da mídia é induzida a vulgarizar o fato político para produzilo de forma simplória e, os políticos, “praticamente sem ambiente para terem destacadas suas abstrações, suas iniciativas em temas de relevância”.


 


“Ninguém se interessa pelo conjunto imenso de iniciativas e debates sobre a tentativa de aperfeiçoamento da legislação penal, por exemplo. Mas não há maldade da imprensa nisso. Como ela pode cobrir um profundo debate sobre economia solidária que aconteceu por seis horas numa comissão da câmara, nesta semana? Ou, se atravessasse um corredor e entrasse numa outra sala, a discussão sobre a segurança do sistema eleitoral brasileiro por quatro horas?”, pondera.


 


Gomes diz que a CPI virou uma espécie de delegacia de polícia “em que, de um lado, o político tem uma forma desaparecer diferente de pendurar uma melancia no pescoço e de outra forma a imprensa se poupa de buscar um fato que possa ser registrado.


 


Sem mudanças


 



Gomes afirma que nenhuma instituição brasileira mudou por conseqüência das CPIs mais recentes. “Foi um desastre que assistimos um ano e meio atrás e que paralisou o país durante um ano e quatro meses. E olha que houve problemas, e graves”, resumiu.