France Press: Por que os jornais podem acabar?
Ler jornal ao lado de uma fumegante xícara de café se tornará, em breve, coisa do passado, quando a tecnologia digital e de vídeo substituir os veículos impressos de hoje, afirmam especialistas. ''Sabemos que as redes digitais de banda larga serão ampl
Publicado 05/04/2007 23:42
Nachison prevê que será possível acessar podcasts (transmissões baixadas da internet), mensagens de vídeo, assim como blogs, livros e sites na internet através de serviços de vídeo sem fio, como produto do desenvolvimento da tecnologia. ''É bastante óbvio que a conexão digital será como oxigênio para nossa cultura'', comentou. ''Somos testemunhas de uma explosão na criação de vídeos e estamos ingressando em uma era na qual o vídeo estará em todos os lugares.''
Estudos indicam que o número de leitores de jornais nos Estados Unidos está diminuindo, enquanto o ciberespaço ganha terreno. Um boletim recente do centro de pesquisas Pew em Washington revelou que 43% dos americanos utiliza a internet para se informar, enquanto apenas 17% têm como principal fonte um jornal impresso de alcance nacional.
Amy Eisman, chefe da escola de comunicação da American University de Washington, disse que os consumidores no futuro poderão receber as notícias na palma da mão. ''Vídeo, internet, áudio, entretenimento, temos a impressão de que mais e mais coisas estarão (disponíveis) em aparelhos portáteis'', ressaltou. ''Haverá maior disponibilidade global de banda larga sem fio.''
O domínio do vídeo
Segundo Eisman, ''a informação provavelmente se baseará mais no visual do que no texto''. Nachison concordou, ao acrescentar que as mudanças tecnológicas permitirão que a informação convirja para um único aparelho. ''Um telefone, uma câmara de vídeo, um aparelho de GPS, um comunicador pessoal são o tipo de coisas que vemos hoje. É difícil saber o que teremos daqui a dez anos'', enfatizou.
Em sua opinião, os vídeos serão a mídia dominante para a informação, com consumidores que poderão baixá-los à vontade na internet ou nos telefones portáteis. ''As pessoas estarão fazendo vídeos constantemente'', explicou Nachison. ''Não será uma atividade especial. Será uma ação normal, como é agora escrever um e-mail''.
''Em vez de receber mensagens de texto em nossos telefones, receberemos mensagens em pequenos vídeos'', afirmou. Com essa idéia em mente, vários especialistas acreditam que os jornais como conhecemos poderão se transformar em algo do passado num futuro próximo.
Acesso digital
Em 2006, por exemplo, as redações americanas cortaram 18 mil postos de trabalho, 88% a mais que em 2005, quando 9.543 foram suprimidos. ''A impressão pode estar morrendo'', declarou Tom Rosenstiel, diretor do Projeto para a Excelência no Jornalismo, que anualmente publica um informe sobre a situação da imprensa nos Estados Unidos. ''Não posso garantir que jornais ainda serão impressos daqui a 10 ou 15 anos.''
Na última conferência ''Nós, Imprensa'', organizada pela Ifocos e que discute o estado da mídia, especialistas previram que os consumidores do futuro terão acesso a um aparelho flexível, fino e leve que servirá para acessar os meios e que poderá ser usado como um jornal, só que digital.
Na área econômica, espera-se uma mudança dramática para a publicidade, já que os comerciais para a internet não são tão lucrativos como os impressos. ''Os ganhos de publicidade em uma página web é cerca de 30% do equivalente em um jornal'', ressaltou Rosenstiel.
''Por cada dólar que ganho de um leitor de mídia impressa, só consigo 30 centavos se essa pessoa se tornar um leitor on-line'', explicou. A situação pode ser compensada quando o preço do acesso à internet e ao cabo for reajustado, afirmou. ''O tamanho das empresas de imprensa simplemente diminuirá'', afirmou Nachison. ''Os lucros cairão – e este será um desafio para o financiamento do jornalismo.''