UNE vai endurecer na pressão ao governo Lula
Por Carla Santos
O 55º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da UNE, que terminou neste domingo (1º), aprovou documento intitulado “Carta do Rio de Janeiro” em que a entidade compromete-se em “endurecer na pressão por mudanças mais profundas no
Publicado 02/04/2007 00:58
O término do Coneg deu início ao 50º Congresso da UNE. Trezentas entidades foram credenciadas, destas 208 (70%) estão no movimento “Eu quero é botar meu bloco na rua”, liderado pela União da Juventude Socialista (UJS).
O Coneg aconteceu do dia 30 de março ao dia 1º de abril na Universidade Federal do Rio de Janeiro. O fórum reúne diretórios centrais de estudantes (DCEs), uniões municipais e estaduais (UEEs) e executivas de curso. Pela pauta do 55º Coneg passaram inúmeros temas, o Regimento ao 50º Congresso da entidade foi o principal.
Um clima de grande unidade marcou o maior Coneg da história da entidade, apenas três votações foram feitas na plenária final. A primeira corresponde à aprovação da “Carta do Rio de Janeiro”, texto que sintetiza o conjunto de opiniões que foram discutidos no Coneg e apresenta à avaliação da entidade sobre a situação política do mundo, da América Latina, do Brasil e da universidade. As outras duas votações se deram sobre o Regimento do 50º Congresso da UNE, documento que estabeleceu critérios e regras, que não haviam ainda sido definidos em outros fóruns, para a eleição de delegados ao congresso.
“O Coneg foi muito importante para a UNE e acredito para o Brasil. Aprovamos uma carta com cerca de 90% do apoio das entidades, definimos o que ainda não estava definido sobre o nosso congresso e fechamos com uma atividade simbólica de valor único, o ato, a exposição e o vídeo que contam a história da retomada do terreno da UNE. Espero que esse processo de congresso que a UNE vai viver agora some para que o governo ajuste a sua política macro-econômica à sua política social. Para nós são irreconciliáveis iniciativas como PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] com as metas de superávit primário e as altas taxas de juros. O Brasil precisa mudar de verdade e este Coneg aprovou que vamos endurecer na pressão para que essa mudança possa acontecer”, disse o presidente da UNE, Gustavo Petta, ao Vermelho.
Fora Meirelles
A Carta do Rio de Janeiro faz uma avaliação positiva da participação dos estudantes na lutas recentes do país. A manifestação do 8 de Março – Fora Bush e os protestos pelo passe livre foram destacados como momentos importantes dos movimentos sociais neste início de ano.
Na carta a UNE avalia que o momento é muito positivo para aprofundar as mudanças na América Latina e buscar a sua integração. O governo Lula é visto como peça chave para a radicalização destas mudanças e até mesmo a sua garantia.
No entanto a carta registra as contradições do governo Lula constatando a permanência muito forte de traços conservadores do governo em oposição a iniciativas avançadas como PAC. Os traços conservadores do governo na opinião dos estudantes estão centrados na alta taxa de juros, no superávit primário e na iniciativa de uma Reforma da Previdência. Os estudantes citam várias vezes no documento a necessidade de radicalizar na pressão ao governo para que os fortes traços conservadores não se mantenham.
“Um projeto de país mais soberano e justo só será possível se o movimento estudantil, junto a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), for capaz de mobilizar amplas parcelas da sociedade brasileira endurecer a pressão sobre o governo para mudanças profundas”, diz a carta.
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também é citado. Para o conselho da UNE, PAC não combina com Henrique Meirelles no comando do Banco Central. “Queremos a abertura de um novo período no Brasil marcado por um desenvolvimento democrático e distribuidor de renda. Por isso exigimos a imediata demissão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, representante do conservadorismo monetarista na política econômica do Governo”, diz o documento.
Temas como a Reforma Política, Reforma Universitária e a democratização dos meios de comunicação e uma TV estatal, foram abordados na carta. Todas estas iniciativas vem a assegurar uma profunda democratização do país.
Sobre a reforma Política o texto aponta que “Devemos ainda exigir a aprovação do financiamento exclusivamente público de campanhas, a fidelidade partidária, o respeito à pluralidade de idéias representada na existência de diversos partidos.”
Críticas foram feitas à atual política do governo para rádios comunitárias, “defendemos uma legislação democratizante para as rádios comunitárias que hoje são crimizalizadas pelo aparato Público inibidor da pluralidade na comunicação”, aponta o documento.
“Nossas vitórias não serão por acidente”. É com esta frase que se encerra o documento que sinaliza para uma pressão mais intensa e radicalizada da entidade com relação ao governo. Leia a carta na íntegra ao final da matéria.
Leia também:
Íntegra da Carta do Rio de Janeiro
Tese da UJS ao 50º Congresso da UNE