Crise no transporte faz cair aprovação de Bachelet no Chile

Um dia depois de 819 jovens serem presos em uma série de protestos e distúrbios no Chile, uma pesquisa apontou na sexta-feira (30) uma queda brusca na popularidade da presidente do país, Michelle Bachelet. Segundo a enquete, realizada pela consultoria Adi

A causa dessa queda está ligada às dificuldades na implementação do “Transantiago”, o sistema de transporte urbano em funcionamento há dois meses na capital, que levou à destituição de quatro ministros na segunda-feira (26). Os mapas dos percursos dos ônibus foram redesenhados e a antiga frota de Santiago foi substituída por outra mais moderna, porém menos numerosa. O resultado foi muita confusão e filas nos pontos de ônibus da capital chilena, onde o índice de aprovação de Bachelet é de em apenas 38,9%.


 


Também foi a insatisfação com o novo sistema que ajudou a engrossar os protestos da quinta-feira (29). As manifestações já eram esperadas porque marcam, anualmente, o chamado “Dia do Jovem Combatente”, uma homenagem a dois irmãos mortos em confrontos com a polícia do ditador Augusto Pinochet em 1985. A manifestação violência, porém, foi marcada por uma violência muito maior que nos outros anos. Policiais tentaram conter a manifestação dos estudantes e no confronto lojas e mercados foram saqueados e veículos foram queimados. Os jovens construíram barricadas em alguns bairros e dezenas de pessoas ficaram feridas em função da ação da polícia. A polícia prendeu 819 jovens, sendo que 603 foram detidos em Santiago e 60% deles são menores.


 


Em visita a um colégio no bairro de Nuñoa, na capital chilena, Bachelet defendeu que as famílias sejam responsabilizadas pelas atitudes de seus filhos. “O vandalismo não pode continuar a existir”, disse Bachelet. “No Chile nos custou muito ganhar o direito de nos expressarmos livremente e não vamos tolerar que um grupo de meninos irresponsáveis, junto com delinqüentes, agridam as pessoas e alterem a vida da cidade.” A primeira grande crise do governo Bachelet ocorreu em maio, quando milhares de estudantes saíram às ruas para exigir melhorias no sistema educacional.


 


Movimentos repudiam repressão de Bachelet


 


A Associação das Mães da Praça de Maio divulgou nota assinada por Hebe Bonafini, presidente da Associação, repudiando a repressão ordenada pela presidenta do Chile, Michelle Bachelet, contra os milhares de jovens que se mobilizaram em todo o país nas comemorações do “Dia do Jovem Combatente”. Elas afirmam ser “uma vergonha” o número de quase 900 presos dos quais 60% são menores de 16 anos.


 


O Comitê de Usuários do Transantiago (CdU), espaço que reúne todas as entidades que organizaram os protestos desta quinta (29), esclarece em sua página que o processo de construção do Dia dos Jovens Combatentes a muito não vinha sendo pacífico.   


 


“Apesar da ameaça de chuva, do surpreendente contingente policial (mais de 4 mil policias foram mobilizados para conter a manifestação), da falta de permissão para marchar e da forte, desmesurada, ilegítima e brutal repressão, muitos seguem sendo os que estão dispostos a fazer valer nossos direitos”, diz a carta no sitio da CdU.