Aliados e opositores se encontram nas homenagens ao PCdoB

Os discursos foram em tom de camaradagem. Muitos deles lembravam não apenas o relacionamento político com o Partido, mas as relações de amizade pessoal. O ponto em comum de todos foi a ligação entre a trajetória do PCdoB e a história do Brasil nos últi

Aliados e opositores se encontraram nas palavras de “carinho e respeito” ao Partido. Todos também lembraram as figuras destacadas dos líderes, como João Amazonas, citado e aplaudido em várias vezes; Elza Monserrat; Maurício Grabois e Pedro Pomar. Osvaldão e Dina, mortos na Guerrilha do Araguaia, também foram lembrados.



As falas se alternaram entre palavras de carinho – presentes nos discursos da senadora Patrícia Sabóia (PSB-CE) e do senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS)  – e de exaltação, como da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), que fez um elogio às mulheres comunistas. Ela destacou a figura lendária de Olga Benário e das deputadas comunistas que representam hoje 38% da bancada feminina na Câmara, instigando-as a continuar a luta pelo empoderamento das mulheres.



Os discursos foram da fala empolada do tucano Tasso Jereissati (CE), para quem o PCdoB é um Partido “digno”, à informalidade do peemedebista Mão Santa (PI), que iniciou sua fala dizendo: “Esse negócio de comunistas … eles sofreram”.



Ao encerrar seu discurso, Mão Santa lembrou uma fala do líder revolucionário Che Guevara: “Se és capaz de tremer de indignação, és companheiro”, acrescentando que “os companheiros estão no PCdoB”. 



Teve ainda a fala emocionada do senador Sibá Machado (PT-AC), que lembrou a aliança do seu partido com o PCdoB, em seu estado, desde 1979, e que foi capaz de “tirar o Acre do medo e do terror”. E, ao destacar as melhorias implantadas no Estado, disse que “não existe nada que não tenha a marca, a digital, o DNA do PCdoB”.



Parceria



O senador Antônio Carlos Valadares (PSB–SE), nem esperou o fim do discurso do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que abriu a sessão. Em aparte, lembrou que o PSB e o PCdoB são parceiros há muitos anos. O senador Renato Casagrande (PSB-ES) também lembrou a parceria, citando o caso mais recente da campanha pela eleição da Presidência da Câmara em que os socialistas apoiaram o a candidatura de Aldo Rebelo.



Valadares enfatizou que “o Brasil e a democracia muito devem à firmeza, ao idealismo, à coragem do PCdoB. Se estamos vivendo hoje momentos de democracia plena, de tranqüilidade para trabalharmos no Senado, na Câmara, sendo ouvidos, muito devemos àqueles que inclusive sacrificaram a sua vida para defender a bandeira da liberdade, da democracia e da cidadania”.



Fatos históricos



As falas foram pontuadas com a lembrança de fatos históricos importantes e como o PCdoB atuou na época, como na transição do regime militar para a democracia. “O PCdoB considerado, então, de posições radicais mostrou que havia uma diferença entre ser radical e buscar a solução para os problemas sem ser sectário”, lembrou Artur Virgílio, líder do PSDB.



Para Arthur Virgílio, “se o partido tivesse agido de outra forma, Paulo Maluf teria sido escolhido pelo Colégio Eleitoral em lugar de Tancredo Neves, o que poderia ter levado a um retrocesso político, no delicado momento da transição para o retorno à democracia”.



Juventude



O petista Tião Viana (AC) elogiou a capacidade do PCdoB de mobilizar as massas, virtude que outros partidos de esquerda não tem. O entusiasmo do Partido, que o coloca na condição de jovem – apesar dos 85 anos – foi exaltado também na fala da senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que disse não ter conseguido convencer a filha a se filiar ao PT, “mas o PCdoB conseguiu”, arrancando aplausos e gargalhadas da platéia que lotou as galerias e o plenário.



O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) afirmou, como muitos dos demais oradores, ter sido influenciado pelo PCdoB em sua formação ética e política. E destacou o exemplo de coerência ideológica dado pelo Partido Comunista do Brasil como a maior contribuição da sigla para o atual cenário político-partidário brasileiro.



“Hoje, o Partido Comunista do Brasil é um instrumento fundamental para a manutenção da governabilidade do país e para a sustentação do governo do presidente Lula”, afirmou.



Passado, presente e futuro



O senador Cristovão Buarque (PDT-DF) foi a tribuna agradecer o Partido, “pelo que representou na minha formação e de todos os da minha geração que são de esquerda”.



Cristovão Buarque foi mais além em seu discurso. Ao contrário dos demais, que enfatizaram as lutas passadas e atuação do Partido na conjuntura atual, disse que “o PCdoB tem obrigação de fazer o Brasil sair da perplexidade e acomodamento” para o país avançar.



Ideli Salvatti resumiu, em sua fala, o que foi lembrado por todos: a ilegalidade e perseguições sofridas pelo Partido. “Não é para qualquer um, um partido que completa 85 anos de fundação e remando contra a maré, e esse fato torna sua história ainda mais valorosa”.



O senador José Nery (PSOL-PA) disse que “o sonho do PCdoB permanece atual, uma vez que a causa da liberdade é uma luta contínua”. Nery ressaltou que “o exemplo mais marcante de empenho pela construção de uma sociedade socialista, foi a Guerrilha do Araguaia, que, durante o regime militar, levou esse ideal ao radicalismo, ao sacrificar a própria vida dos integrantes do grupo”.



Partido-irmão



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), assim como o também petista Aloísio Mercadante, disse ser o PCdoB um “partido irmão”, com o qual tem afinidades e com o qual participou de lutas comuns.
 


Mercadante, que fez várias vezes referência ao ex-deputado Jamil Murad, destacou a participação do partido em todas as manifestações populares importantes da história recente do Brasil, em especial na luta pela redemocratização. “O PCdoB sempre esteve ao lado do povo, da democracia e dos valores fundamentais, ativo na luta para se construir uma sociedade mais generosa, mais socialista e mais fraterna, sua principal orientação política”.



O senador ainda ressaltou o papel do partido como aliado “estratégico e decisivo” do PT na formação do governo do presidente Lula. E destacou que espera que “o governo saiba reconhecer o papel que representa tratando-o como aliado de primeira ordem”.



O senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), que já foi filiado ao PCdoB, disse que “na trajetória de luta, resistência e dedicação à causa popular, não há uma luta progressiva relevante no Brasil ou no mundo que não tenha contado com o concurso direto desses brasileiros combativos”.



De Brasília
Márcia Xavier