Publicado 27/03/2007 08:06 | Editado 04/03/2020 16:44
No dia 25 de março deste ano o Partido Comunista do Brasil comemora seus 85 anos de existência. São décadas de luta em defesa do povo
brasileiro, da democracia, da soberania nacional e dos direitos dos
trabalhadores.
A agremiação comunista foi fundada em 1922 com a unificação de
diferentes grupos comunistas e sob a influência da vitoriosa Revolução
Socialista na Rússia. Entre seus fundadores estavam Astrogildo
Pereira, Hermogénio Silva, Manoel Cendon, Cristiano Cordeiro e José
Elias. Era um período da história do Brasil de marcantes
acontecimentos. A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo,
significou um marco na cultura do povo brasileiro. Três meses após o
surgimento do Partido Comunista, ocorre o levante do Forte de
Copacabana. Em 1924 novas rebeliões militares ocorrem, originando-se
daí a Coluna Prestes.
A revolução de 1930 eclode e os comunistas ficam à margem do processo. Não compreendem o grande significado daquele momento da história do Brasil. Vitorioso, o Presidente Vargas adota uma série de medidas contra as velhas oligarquias. Nacionaliza o subsolo, decreta a jornada de trabalho de 8 horas, reconhece os sindicatos e, poucos anos depois, estabelece o voto secreto e convoca a Assembléia Constituinte. Mas o governo Vargas não toca no monopólio da terra e na dominação
imperialista de que o País era vítima.
Sob o lema Pão, Terra e Liberdade o Partido Comunista lança a Aliança
Nacional Libertadora. Com esse movimento, se projeta nacionalmente.
Poucos meses depois a ANL é posta na ilegalidade e os comunistas
orientam sua atividade para a insurreição armada.O movimento é
derrotado e o Partido passa a ser duramente perseguido. Centenas de
comunistas foram presos e torturados nos porões do Estado Novo; Olga Benário, esposa de Luís Carlos Prestes, foi deportada e entregue à
polícia nazista, que a assassinou na câmara de gás.
Com a implantação do Estado Novo, a ditadura de Vargas, o Partido
desenvolve a luta pela democracia. Em 1945 junto com as demais forças democráticas do País consegue a anistia dos presos políticos e sua legalidade. Com a redemocratização os comunistas exigem a convocação de uma Assembléia Constituinte livremente eleita. Sob a direção do Partido o movimento sindical ganha força. A bandeira da reforma agrária é levantada pelos comunistas.
Nas eleições de 1945 o Partido obtém 10% dos votos dos eleitores
inscritos. A legalidade do Partido é curta. Em 1947 é posto novamente
na ilegalidade. Junto com outras forças o Partido desenvolve a luta em
defesa do monopólio estatal do petróleo. Em 1958, inicia-se o
processo que levaria a União Soviética de volta ao capitalismo. Desde
o primeiro momento surge um grupo de dirigentes que se opõem a esta
orientação, dentre eles João Amazonas, Maurício Grabois e Pedro Pomar.
Com a posse de Juscelino Kubitschek cresce no país uma onda
desenvolvimentista. Juscelino adota um Programa de Metas visando o
crescimento econômico do País. No entanto,seu programa não altera a
estrutura latifundiária e a dominação imperialista. Jânio Quadros,
eleito pelas forças conservadoras, por sua política internacional
independente termina perdendo o apoio dos setores dominantes do país e renuncia. O Vice Presidente João Goulart deveria assumir a Presidência da República. Porém, os militares tentam impedir sua posse através de um golpe de Estado. Brizola comanda a resistência democrática contra o golpe, e o Partido se coloca na linha de frente da luta pela legalidade. Nesse período crítico, o dirigente partidário João
Amazonas encontrava-se no Rio Grande do Sul, participando diretamente da mobilização popular e da resistência armada contra a tentativa de golpe.
Fruto das divergências surgidas com a alteração do nome para Partido
Comunista Brasileiro e o abandono do marxismo-leninismo, João Amazonas e outros dirigentes partidários resolvem, em 1962, reorganizar o Partido Comunista do Brasil para manter viva a bandeira do socialismo em nossa pátria. Com o golpe militar de 1964, o PCdoB desenvolve a luta contra o regime dos generais. Fechadas todas as portas para uma ação institucional, resolve desencadear a Guerrilha do Araguaia. Fato marcante na história política do País e da história dos comunistas, a Guerrilha obrigou a mobilização do maior contingente militar desde a Guerra do Paraguai. Inúmeros patriotas tombaram heroicamente, destacando-se entre eles Maurício Grabois, Osvaldão, Helenira Rezende, Maria Lúcia Petit, o goiano Divino Ferreira de Souza.
Na luta pela redemocratização do País, junto com as demais forças
democráticas e progressistas, os comunistas levantaram as bandeiras
da anistia ampla, geral e irrestrita; da revogação dos atos de exceção
e da convocação de uma Assembléia Constituinte livre e soberana. Em
1976 o Partido tem uma grande perda com a chamada ''Chacina da Lapa'' onde são assassinados os dirigentes Pedro Pomar, Ângelo Arroio e João Batista Franco Drumond, este morto na tortura. Nessa ação repressiva, são presos e torturados vários dirigentes entre os quais Haroldo Lima, Elza Monerat, e eu próprio.
Com a queda da ditadura militar, em 1985, o PCdoB, após longos anos,
retornou à legalidade. Participa das eleições; empenhou-se na luta das
Diretas Já e na eleição de Tancredo Neves para Presidente da
República. Contribuiu de forma destacada na Assembléia Nacional
Constituinte.
A queda dos países do Leste Europeu representou um sério revés para o socialismo. No entanto, o Partido em seu VII Congresso reafirma o
socialismo, o marxismo-leninismo e a revolução. Todavia, tem a
coragem de identificar os erros cometidos no processo de construção
do socialismo. Critica a estagnação teórica, o dogmatismo, o
autoritarismo e a excessiva centralização econômica. Critica também
falsa concepção de importar modelos de socialismo, adotando uma
concepção de socialismo renovado, com base na realidade objetiva no
nosso país e na cultura e tradição do nosso povo.
O PC do B participa na luta do Fora Collor em 92, e junto com as
demais forças progressistas participa em todas as campanhas pela
eleição do Presidente Lula, desde 1989. Hoje considera que estamos vivendo um momento favorável às forças democráticas e progressistas na América Latina e no Brasil, o que permite uma maior audácia por parte do Governo Federal, do movimento social e do próprio Partido.
O PCdoB apóia de forma enfática o governo Lula e o Programa de
Aceleração da Economia -PAC. É a primeira vez, em muitos anos, que o País conta com um projeto de desenvolvimento. Apóia também as medidas anunciadas pelo governo em relação à educação. Todavia, defende a necessidade de maiores avanços para assegurar um ritmo mais acelerado de crescimento da economia, a geração de empregos e a distribuição da renda. Para isso, propugna por uma política de redução de juros ousada, a alteração na política cambial e a redução dos impostos. Defende uma política de reforma agrária mais ampla e efetiva.
Neste mês de março o PCdoB está realizando a sua 1ª Conferência
Nacional sobre a Questão da Mulher, com o objetivo de contribuir para
o crescimento da luta pela emancipação das mulheres, pela conquista de
salário igual para trabalho igual, contra qualquer tipo de
discriminação e contra a violência praticada contra as mulheres. Por
outro lado, o PCdoB tem como objetivo a incorporação das mulheres, em larga escala, na luta por um projeto nacional de desenvolvimento, com distribuição de renda e valorização do trabalho e a construção da
sociedade socialista.
O Partido Comunista do Brasil tem crescido e pretende crescer mais
ainda, participando das eleições municipais de 2008 e lançando
candidatos a prefeitos e chapas de vereadores onde as condições sejam
favoráveis. Para isso convidamos todos os nossos amigos.amigas e
simpatizantes a ingressarem no Partido e integrarem nossas chapas na
disputa eleitoral do próximo ano.
* Aldo Arantes, Presidente Estadual (GO) e membro da Comissão Política Nacional do PCdoB