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Assembléia gaúcha presta homenagem aos 85 anos do PCdoB

Os 85 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que serão completados no dia 25 de março, foram alvo de homenagem na tarde desta quinta (22) no Grande Expediente Especial no plenário da Assembléia Legislativa.

O evento, que se transformou em um grande ato político, contou com pronunciamento do deputado estadual comunista, Raul Carrion; discursos dos partidos  com representação na casa e a entrega de placa comemorativa ao partido. A composição da mesa, em caráter especial, contou com as presenças do presidente estadual do PCdoB, Adalberto Frasson; da ex-deputada Jussara Cony (PCdoB); do representante da câmara de vereadores da capital, vereador Carlos Todeschini (PT) e do vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Danúbio Edon Franco. Dezenas de militantes, amigos e dirigentes do PCdoB prestigiaram o evento.


 



A homenagem, que deveria durar 30 minutos, segundo o tempo regimental, acabou por se estender por mais de uma hora.  Isto porque todos os partidos fizeram questão de se pronunciar diante da importância da data, e expressar reconhecimento ao papel do partido na política brasileira. Os apartes à fala de Carrion, que fez abrangente relato histórico da luta dos comunistas desde a fundação do partido, iniciou com o deputado Edson Brum (PMDB). Depois se seguiram os pronunciamentos dos deputados Raul Pont (PT), Kalil Sebhe (PDT), Marquinho Lang (PFL), Heitor Schuch (PSB) e Cassiá Carpes (PTB).


 



Ao iniciar seu discurso, Carrion saudou a ex-deputada comunista Jussara Cony, que por 16 anos representou o partido no parlamento gaúcho. Afirmou que o PCdoB é o partido mais antigo do país, se renovando e se modernizando para ser ainda mais brasileiro e contemporâneo, mas preservando sua identidade histórica. Ele destacou que esse aniversário é motivo de alegria não só para os comunistas, mas para todos os democratas, patriotas e lutadores sociais que sempre tiveram e terão no PCdoB um aliado leal e sincero na luta por um Brasil soberano, democrático e mais justo. ''Ainda mais se consideramos que a maioria desses 85 anos foram na ilegalidade e submetido às maiores e mais violentas perseguições, que deixaram um rastro de prisões, torturas e mortes'', frisou.


 


Raul Carrion sustentou que a continuidade do PCdoB, presente na luta política do país por 85 anos, demonstra suas profundas raízes na classe operária e entre todos os oprimidos e explorados da nação. O deputado lembrou que a marca constante do partido foi a luta pela soberania nacional, a reforma agrária, os direitos dos trabalhadores e a ampliação da democracia. Citou diversos momentos da trajetória do PCdoB, como a luta contra o facismo, pelo ''petróleo é nosso'', a resistência à ditadura militar, a campanha das diretas e a luta contra o neoliberalismo.


 



Compromissos do partido



Raul Carrion destacou diversos dos compromissos históricos do partido, como a soberania da Amazônia e a sustentabilidade ambiental e uma reforma agrária contra o latifúndio improdutivo. Também fez referência a luta por uma reforma urbana que assegure a função social da propriedade e garanta o direito à moradia a todos. O deputado reiterou ainda que o PCdoB é contra qualquer restrição ao direito de greve e quer uma reforma universitária que garanta autonomia à comunidade acadêmica, democratize o acesso à ela e a coloque a serviço do desenvolvimento nacional e da maioria do povo.


 



Defesa da existência plena do PCdoB


 


O deputado subiu o tom ao falar sobre a reforma política defendida pelos comunistas e a tentativa recente, dos setores conservadores, de impor a chamada cláusula de barreira que, segundo ele, não passa de um entulho do período da ditadura. ''A cláusula de barreira é medida antidemocrática que procura impedir que o povo decida  quais partidos devam existir ou não''.


 


''E agora, ressurge das tumbas, por um ex-vice-presidente da ditadura, um projeto no Congresso Nacional. Fazemos um apelo aos partidos democratas, aos democratas dos partidos democráticos: pensem, essa cláusula de barreira não é contra partidos de aluguel, partidos fajutos. Vai-se golpear é partidos sérios. (…) Onde está o caráter democrático disso? Venceremos mais essa barreira. Vencemos uma, venceremos a próxima, que é o projeto que está no Congresso Nacional, mas gostaria de vencer com o apoio dos democratas. (…) Sabemos que o PC do B existe e persiste também porque os democratas nos apóiam, compreendem que a existência deste partido é a condição da democracia.''


 


Citou como exemplo, ao criticar a cláusula de barreira, a contradição da medida frente a uma eleição como a de Manuela D´Avila (PCdoB), deputada federal mais votada do Estado e mais votada do Brasil. ''Ela não teria direito a estar numa comissão. Ela não teria direito a usar da palavra como liderança. Isso demonstra o tamanho da contradição '', reiterou.


 


Novo ciclo


 


Na avaliação de Carrion, o PCdoB também foi decisivo na eleição do presidente Lula, em 2002, quando ocorreu ''vitória histórica do povo brasileiro'', na defesa de ampla unidade das forças anti-neoliberais e um novo projeto de nação. Ele lembrou que os comunistas participaram do governo Lula, dando importantes contribuições na realização de políticas públicas avançadas, como é o caso do Ministério dos Esportes. Registrou também que o partido assumiu, com o deputado federal Aldo Rebelo, a presidência da Câmara dos Deputados, em um momento crítico, abortando golpe que os setores conservadores armavam contra Lula. ''Mas o partido não abriu mão de sua independência de classe, criticando a política macro-econômica, com seus altos juros, câmbio super-valorizado e elevado superávit primário'', insistiu.


 



Audácia, para garantir as mudanças que a nação precisa


 


Ao finalizar seu discurso, Raul Carrion analisou o resultado das eleições de 2006, apontando que o PCdoB defendeu uma ampla composição progressista em torno de Lula e de um projeto de desenvolvimento para o Brasil. O orador destacou o desempenho eleitoral do partido, que elegeu 13 deputados federais e um senador, obtendo um total de 10 milhões de votos, sendo o quinto partido mais votado para o Senado, com 7,5%. ''Também não podemos esquecer desta grande vitória do nosso partido aqui no Estado ao eleger Manuela com mais de 270 mil votos''.


 


Sobre os desafios atuais, sublinhou que a vitória obtida nas urnas e o ambiente político latino-americano são favoráveis à implementação de mudanças mais profundas no país. ''Consideramos que este momento é favorável para o Brasil avançar. Precisamos de audácia neste momento no nosso País: da audácia do governo Lula, da audácia dos nossos partidos, da audácia dos movimentos sociais, a audácia das forças que compõem a base de sustentação do governo Lula para que avancemos. A América Latina está nos dando uma lição. Os povos da América Latina se levantam. É a Argentina, é a Venezuela, é o Uruguai, com a vitória da Frente Popular, é o Chile, é Evo Morales na Bolívia, é o Equador, é a Nicarágua com os sandinistas. Há um despertar na América Latina. É a unidade da Pátria latino-americana em que pensou Bolivar. Ouvimos o brado de luta contra a superpotência, de luta contra o neoliberalismo''. 


 


Salientou que é preciso destravar a economia, baixar os juros, diminuir o superávit primário e a carga tributária. Segundo ele, o Brasil tem que romper com as amarras que o impedem de crescer. ''Chegou a hora do Brasil, mas precisamos da união em torno dessa grande luta''.


 



Partido do socialismo


 


''O Partido Comunista do Brasil tem algumas marcas, das quais destacarei quatro: a luta pela soberania nacional; pela ampliação da democracia, para que ela chegue para os oprimidos e explorados, não sendo uma democracia só das elites; pelos direitos e pela ampliação dos direitos dos trabalhadores; e a luta pelo socialismo. Essa é a caminhada de 85 anos do nosso partido''.


 



Ele comemorou a história da agremiação e garantiu que o PCdoB é o partido do socialismo, nasceu sob esta bandeira e sempre a manteve erguida em seus 85 anos de vida.


 



Placa comemorativa


 


No final do ato, foi entregue ao presidente do partido, Adalberto Frasson, placa confeccionada pela Assembléia gaúcha, comemorativa aos 85 anos.


 


De Porto Alegre
Clomar Porto
com informações Agência de Notícias