PT aprova coalizão pró-Lula e antecipa 3º congresso para 2007
O futuro do PT, após a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, começou a ser traçado neste fim de semana, durante reunião de seu Diretório Nacional. Em nota sobre as resoluções do encontro, o órgão máximo de direção do partido defende a formaçã
Publicado 26/11/2006 14:04
A presidência da Câmara dos Deputados, tema tratado mais nos bastidores, também é preocupação. Os petistas trabalham para emplacar o nome de Arlindo Chinaglia (PT-SP), embora Lula preferira manter Aldo Rebelo (PCdoB-SP) no cargo. O presidente da República aproveitou a reunião do diretório para reiterar sua gratidão ao PCdoB – partido ao qual fez contundente elogio.
Chinaglia tentou negar, no sábado, que já aspire à candidatura. “O PT não tem de se preocupar em reivindicar a presidência da Câmara de forma exclusiva nem se preocupar em aceitar algum tipo de veto ao cargo. Somos 513 deputados. Não sou candidato, mas posso ser”, disse à Agência Estado.
Condições para uma coalizão
As flexibilizações do PT foram expressas em notas divulgadas a público. Um dos textos nota começa agradecendo o apoio de “dirigentes e filiados” de partidos que não defenderam oficialmente a reeleição de Lula – PMDB, PDT, PV, PP, PL, PPS, PTB e PSOL. A nota defende “um Governo de Coalizão programática, expresso na reunião das forças que construíram o caminho da vitória”.
Para a coalizão, são chamados “todos aqueles que estejam de acordo com o programa de transformações econômicas, sociais e políticas defendido durante a campanha eleitoral”. Além de Lula, essa tese foi fortemente defendida pelo presidente petista, Marco Aurélio Garcia, e por Tarso Genro, ministro das Relações Institucionais.
Solidez à esquerda
O texto petista destaca que a idéia não é apenas lotear cargos no Poder Executivo. “O Governo de Coalizão não é um condomínio baseado na distribuição fisiológica de cargos”. Dentro da coalizão, o PT pretende buscar uma aliança mais sólida com o que chama de “forças de esquerda que apóiam o governo” – o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
A nota também defende a criação de um conselho político “composto por todos os partidos da base do governo, reproduzindo a experiência exitosa da campanha eleitoral”. No programa conjunto do governo de coalizão, a nota do PT defende uma pauta que inclua “crescimento sustentável de nossa economia”, “expansão das políticas sociais”, “reforma político-institucional que assegure uma maior participação do povo na vida política do país” e a “democratização da comunicação social”.
O PT no governo
Segundo Tarso Genro, no segundo mandato de Lula, “nenhum partido será dono do governo. Não foi e não será. Quem acha que algum partido poderá ser uma força dominante e que vai se sobrepor a todas as demais está equivocado.”
De acordo com o ministro, também não há nenhuma intenção do governo em diminuir o espaço do PT no segundo mandato. “Não há nenhum cálculo de diminuição de espaço de nenhum partido. O presidente ainda não tem concepção de qual será o espaço de partidos. O PT tem uma grande bancada e vai continuar a ter uma presença importante no governo”.
Repensar o PT
Neste domingo, o Diretório Nacional petista aprovou, por unanimidade, a convocação do 3º Congresso Nacional do partido para os dias 6, 7 e 8 de julho de 2007. Uma nota-convocatória ao congresso esclarece três pautas: 1) “O Brasil que queremos”; 2) “O Socialismo Petista”; e 3) “PT: Concepção de partido e funcionamento”. O primeiro congressos do partido ocorreram em 1991, em São Bernardo do Campo (SP). Oito anos depois, o PT realizou em Belo Horizonte (MG) seu 2º Congresso.
De acordo com a nota, os debates em 2007 “envolverão o conjunto dos petistas, mas também o diálogo com os partidos aliados, com os movimentos sociais, com a intelectualidade crítica, com todos aqueles que lutam para o fortalecimento da democracia no Brasil, para sua inserção soberana no mundo e para torná-lo uma nação mais justa”. O encontro será lançado em 10 de fevereiro de 2007, no 27º aniversário de fundação do PT.
No encontro de julho, existe a possibilidade de se definir a antecipação das eleições da direção do partido. Em outubro, o presidente Ricardo Berzoini teve de se licenciar do cargo em meio ao escândalo de tentativa de compra de um dossiê antitucano por petistas.