Para Aldo, coalizão é única forma de Lula governar o país no 2º mandato
O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), defendeu nesta sexta-feira que a coalizão das força políticas do país ''é a única alternativa para tornar o Brasil governável'' no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Publicado 10/11/2006 23:03
''Se você não tem um partido hegemônico, o maior partido tem 89 deputados [PMDB], tem 513, como é que qualquer governo vai conseguir maioria para governar só com um partido ou dois? A coalizão parte da nossa realidade'', disse Aldo, depois de assinar uma parceria da Câmara com a FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado).
Aldo negou que o governo esteja tendo dificuldades para aprovar os projetos na Câmara e atribuiu as recentes derrotas do Planalto na Casa, como a MP dos aposentados, à falta de ''convicção política'' dos parlamentares. Segundo ele, até o fim do ano todas as medidas provisórias serão votadas e a pauta será desobstruída.
''Nós vamos desobstruir a pauta e votar até o fim do ano, não apenas as medidas provisórias, [mas também] a emenda do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica], a lei geral da micro e pequena empresa e o orçamento, que é o nosso dever'', afirmou.
Presidência da Câmara
Aldo disse que não pretende entrar em disputa ''nem sangrenta e nem pacífica'' para continuar no comando da Câmara. Para ele, a escolha do presidente da Casa ''é resultado da articulação política dos partidos e da vontade dos deputados'' e há vários parlamentares preparados para o cargo.
Questionado diretamente se considerava que seu nome poderia surgir novamente para o posto, Aldo saiu pela tangente, mas deu a entender que aceitaria. ''Seria pretensioso dizer que espero [ser indicado] e seria arrogante dizer que não quero'', disse.
Presidente comunista
Com a viagem do presidente Lula para a Venezuela, Aldo assumirá, a partir de domingo, a Presidência da República. O primeiro substituto seria o vice-presidente José Alencar (PRB), mas ele está de licença para tratar de um câncer no abdome.
Aldo minimizou a possibilidade de assumir a função, que ele classificou de ''fugaz e passageira'', e disse que vai cumpri-la ''com o mesmo sentido de dever e de responsabilidade com que tenho cumprido outras tarefas''.
''O exercício da presidência é uma forma de dizer. Na verdade, sou um cidadão a quem a Constituição atribui substituir o presidente em suas viagens e tenho a exata dimensão de cumprir essa responsabilidade'', afirmou.
Ele foi irônico ao responder se se considerava o primeiro comunista a comandar o país. ''Assumidamente comunista sim. Não sei se os outros eram e não confessaram'', brincou.
No dia 30 de novembro, o presidente da Câmara reassume o comando do país, substituindo o presidente que estará na Nigéria (África). Nos dias 8 e 9 de dezembro, Lula viaja novamente, desta vez para Cochabamba, na Bolívia.
Durante a campanha eleitoral, Aldo teve oportunidades de assumir a Presidência da República, mas como era candidato à reeleição não pôde substituir o presidente por força da legislação eleitoral. Na ocasião, Aldo teve que se ausentar do país todas as vezes em que o presidente Lula viajou para o exterior. Se assumisse o cargo ficaria inelegível.
Como o vice José Alencar também era candidato, coube ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que não disputou, a tarefa de responder pela Presidência durante a campanha. O presidente do Senado é o terceiro na linha sucessória, atrás do presidente da Câmara e do vice.
Fonte: Folha Online