Aprovação de Evo Morales cresce após acerto com petrolíferas
A popularidade do presidente da Bolívia, Evo Morales, cresceu 13 pontos percentuais, para 63%, após a assinatura dos novos contratos de operação de companhias estrangeiras do setor de petróleo no país. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (6/11)
Publicado 07/11/2006 11:58
A sondagem foi divulgada poucas horas antes de o presidente enviar ao Congresso os mais de 60 contratos assinados entre 27 e 28 de outubro com oito petrolíferas, entre elas a Petrobras e a espanhola Repsol-YPF, no âmbito da nacionalização dos hidrocarbonetos decretada em maio.
A ratificação do Congresso, sem precedentes na história boliviana, é a segurança jurídica oferecida às companhias de petróleo pelo governo, que busca atrair investimentos necessários para cumprir com os compromissos de exportação de gás natural ao Brasil, Argentina e, eventualmente, a outros mercados.
De acordo com a pesquisa, divulgada pela agência estatal ABI, a aprovação à gestão de Morales subiu de 50%, em meados de outubro, para 63% agora, depois de ter atingido naquele mês o índice mais baixo de popularidade nos nove meses de governo do líder cocaleiro.
Outros 34% consideraram negativa a administração de Morales e os 3% restantes não opinaram, indicou o levantamento da Equipos Mori, empresa de estudos de opinião reconhecida na Bolívia.
O estudo mostrou também que 83% dos bolivianos entrevistados responderam que aprovam os novos contratos, sob os quais as companhias estrangeiras estão submetidas à autoridade da estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), hoje proprietária de toda a produção de petróleo e gás.
Outros 10% se mostraram contrários aos novos contratos e 7% preferiram não responder, indicou o informe da ABI, que não divulgou os dados técnicos da pesquisa. Pelos novos contratos, com vigência de 20 a 30 anos, a Bolívia ficará com quase 75% do valor da produção e deixará o restante para as operadoras estrangeiras, como retribuição por seus serviços.
Vantagens
Na semana passada, o ministro de Hidrocarbonetos boliviano, Carlos Villegas, disse que a participação do Estado e das petrolíferas na receita gerada pela comercialização dos hidrocarbonetos variará de acordo com o montante do investimento, as características do produto e outros fatores.
Villegas acrescentou que a Bolívia espera que as oito empresas estrangeiras relacionadas com os novos contratos invistam pelo menos US$ 3,5 bilhões entre 2007 e 2010 em prospecção e desenvolvimento de campos petrolíferos.
Esses investimentos devem não só garantir a continuidade das exportações atuais de até 37,7 milhões de metros cúbicos diários de gás natural ao Brasil e à Argentina, como também outros 20 milhões de metros cúbicos adicionais já comprometidos ao mercado argentino a partir de 2010.
As exportações de gás – cerca de US$ 2 bilhões de dólares – representam metade das vendas totais da Bolívia ao exterior.