Metalúrgicos de Passo Fundo RS fazem pedágio para arrecadar dinheiro

A situação dos funcionários da empresa de máquinas agrícolas Semeato, em Passo Fundo, continua sem solução. Os cerca de 950 metalúrgicos que trabalham atualmente na empresa estão com seis meses de salários atrasados. Já os outros 700 funcionários demitido

José Ailton Araújo dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Passo Fundo, reclama da falta de diálogo da empresa com os seus funcionários e com os ex-trabalhadores. O sindicalista relata que a Semeato, até o momento, não deu nenhuma explicação sobre os motivos dos atrasos dos salários e das rescisões e nem quando acertará a situação. A empresa alega que está tendo prejuízos com o câmbio desfavorável para as exportações e a estiagem, que fez com que o agronegócio diminuísse os investimentos no setor.


 


“Eles [Semeato] queriam a redução dos salários e o parcelamento das rescisões. Os trabalhadores fizeram esse sacrifício, e nada foi resolvido. Aí depois queriam parceria para direcionar recurso público. Fizemos a parceria, e o governo federal liberou R$ 5 milhões de capital de giro, na mesma modalidade do setor coureiro-calçadista: juros de 2,5% e 12 meses de carência. O problema também não foi resolvido. A situação dos trabalhadores é desesperadora”, afirma.


 


No entanto, não é a primeira vez que a Semeato atrasa os salários dos trabalhadores. Nos anos de 1999 e 2000 a empresa também não pagou em dia, o que fez com que os funcionários entrassem na Justiça. Desta vez, os metalúrgicos exigem o bloqueio dos recursos que circulam no nome da empresa e a quebra do sigilo bancário. Os pagamentos não são feitos em dia desde maio do ano passado.


 


“Queremos o bloqueio de qualquer recurso que esteja circulando em nome do grupo Semeato para o pagamento dos salários. Se não houver dinheiro, queremos a quebra do sigilo fiscal e bancário da empresa, pois existe a possibilidade de evasão de divisas. A pergunta que fica é: onde está todo o dinheiro? Afinal, a Semeato chegou a faturar cerca de R$ 30 milhões por mês, na época de produção”, argumenta.


 


Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria nacional já chegou a vender 65 mil tratores por ano. Hoje, com este setor voltado ao agronegócio, o consumo interno não passa de 37 mil tratores. A maior parte da produção é voltada para a exportação.


 


Fonte: Chasque – Agência de Notícias