Serra abandonou Alckmin e foi ao cinema no dia do debate

Por Altamiro Borges
Há algum tempo já circulava pelos bastidores a informação de que José Serra estaria fazendo corpo mole na campanha presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB-PFL). A coluna de hoje (25) da jornalista Mônica Bergamo, no caderno de Ilustra

A informação deve apimentar ainda mais esta história de intrigas, traições e fraturas no ninho tucano. A jornalista é implacável:




“Que debate de Geraldo Alckmin e Lula, que nada. O governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), preferiu ontem ir ao cinema a ver o duelo de presidenciáveis na TV Record. Na hora do debate, ele estava assistindo à história de ‘Mauro, um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão’, como informa a sinopse do filme O ano em que meus pais saíram de férias… Já os tucanos que estavam no estúdio da Record com Alckmin não sabiam o que responder sobre a ausência de Serra. ‘Ele está em Curitiba’, dizia o empresário João Dória, organizador de um almoço de adesão a Alckmin – ao qual Serra também faltou. ‘Ele devia estar cansado’, palpitou depois José Henrique Lobo, coordenador da campanha tucana”.



Vazamento sobre o Opus Dei



Os motivos de Serra? Diz-se que ex-prefeito, agora eleito governador de São Paulo, não teria engolido até hoje o “rolo compressor” do seu adversário para impor sua candidatura presidencial no interior do PSDB. Além disso, ele manteria seu sonho presidencial e não confiaria nas ambições do atual candidato tucano.



Alguns jornalistas chegaram a divulgar a notícia de que o próprio Serra teria vazado a denúncia bombástica, publicada na revista Época durante a disputa intratucanos, de que Geraldo Alckmin promoveria, no interior do Palácio dos Bandeirantes, as pregações da seita fascista Opus Dei, batizadas de “palestras do Morumbi”.



Mais duas maldades



A corrosiva coluna de Mônica Bergamo também reforça outra suspeita que circulava pelos bastidores da disputa sucessória: a de que Serra estaria por detrás de duas medidas recentes, altamente negativas para a candidatura Alckmin. A primeira foi a proposta apresentada pelo prefeito Gilberto Kassab, seu sucessor, de aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). A segunda, ainda mais daninha, foi a decisão do governador Cláudio Lembo, sucessor de Alckmin, de suspender 80% dos projetos de infra-estrutura e das obras no Estado. Ambas abalaram o frágil discurso do tucano, que vive dizendo que reduzirá a carga de tributária no país e gosta de se jactar do seu “choque de gestão” em São Paulo. Baita choque!



Segundo a colunista, “em comum acordo com José Serra, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, suspendeu ontem todas as licitações em andamento no Estado. Compras, só as que não ultrapassarem os R$ 300 mil, e mesmo assim em casos emergenciais para saúde, segurança pública e Febem. Serra deve passar um pente fino em tudo para decidir quais serão as prioridades de seu governo. Não quer pegar um pacote pronto de obras e medidas com a obrigação de tocá-las adiante. O objetivo principal da medida, na verdade, era suspender duas propostas que Serra quer estudar melhor: uma PPP (parceria público-privada) com a Sabesp e o projeto de se passar informações pessoais dos paulistanos para serem geridas por empresas privadas, que administrariam esse banco de dados. A idéia, menina dos olhos do secretário Saulo de Castro, da Segurança, foi bombardeada por juristas que a consideram um risco à privacidade”.



Como se observa, não é só o presidente Lula que tem que lidar com alguns “aloprados” que dão “tiro no pé”. O ninho tucano está cheio de cobras.