Alckmin tentará de novo linha agressiva nos debates e na TV

A seis dias da eleição, o candidato do bloco PSDB-PFL, Geraldo Alckmin, planeja uma nova mudança de postura. Ouvirá o conselho do seu correligionário, o vereador paulistano José Aníbal: “O Geraldo tem que ser agressivo”. Segundo comentavam os analistas ne

A proposta de volta à agressividade vale para os dois debates programados entre os candidatos presidenciais, segunda-feira (23), na TV Record, e sexta (27), na Globo, e também para os quatro derradeiros dias de horário eleitoral gratuito no rádio e na TV.
Fórmula tucana “não deu resultado”



“O comando tucano acha que a fórmula tentada até agora não deu os resultados eleitorais esperados. Pelo atual formato, um locutor denuncia a participação de petistas na compra do já famoso dossiê Vedoin  e, como contraponto, Alckmin fala de suas realizações e obras no governo de São Paulo. Na quinta-feira, reunido com seu conselho político, o candidato tucano decidiu mudar quase tudo”, noticia João Domingos, da sucursal do Estadão em Brasília.



Agora, afirma Domingos, “o candidato do PSDB  será muito mais agressivo, principalmente em relação ao PT, que vai aparecer como dono do dinheiro destinado à compra do dossiê Vedoin”. Em compensação, deixará de repisar a negativa sobre privatizações, vista no QG alckimista como uma “armadilha de Lula”.



Lula não mexe na campanha



“O problema, na visão do conselho político de Alckmin, é que certamente esses programas terão muita contestação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, relata João Domingos. “A assessoria de Lula já se preparou para isso e fará quantas ações forem necessárias para tentar tirar tempo do programa de Alckmin nos últimos dias da campanha. Se vencer na Justiça, o petista não pretende ocupar o espaço com propaganda sua. Quer deixá-lo em branco, ao mesmo tempo em que um locutor dirá que a Justiça puniu o adversário por ter dito 'mentiras' a respeito de Lula”.



Já o candidato à reeleição pelo PT-PCdoB-PRB não pretende introduzir mudanças nesta reta final. Tanto as pesquisas quantitativas da semana passada (Datafolha, Vox Populi e Ibope) como as qualitativas desaconselham mudanças. Mesmo observadores longe de qualquer simpatia lulista admitem sua eficácia na reversão do quadro apertado que emergiu do primeiro turno.



O lema “perfeito” do “certo” e do “duvidoso”



Eliane Catanhede, da Folha de S. Paulo, dedicou sua coluna deste domingo ao lema de Lula no segundo turno, “Não troque o certo pelo duvidoso”. Considerou-o “perfeito numa campanha pela reeleição”.



Conforme a jornalista, “'certo' não significa certo, correto, mas sim o conhecido. Refere-se a qualidades e defeitos”. Já “'duvidoso' é o que não se conhece, mas resvala sorrateiramente para o terreno do que não é certo, não é correto”.



“De Lula, o 'certo', conhecem-se os incontáveis defeitos e méritos. De Alckmin, o 'duvidoso', não se suporta mais o repetitivo e enfadonho 'foi médico, prefeito, deputado…'. E daí? Fica a dúvida sobre o que irá, ou iria, fazer. Sobretudo fazer melhor do que Lula”, conclui Eliane Catanhede. Conclui não, pois o parágrafo final é para asseverar que, “no  fundo, a eleição é entre o duvidoso e o duvidoso”. Mas aí já não falava a jornalista e sim a linha do Grupo Frias, que já explicitou em editorial que tem lado nesta eleição.



Know-how de cinco campanhas



Quanto aos debates, a atitude no QG de Lula é de confiança na “sinceridade”, na “espontaneidade”, na “tranqüilidade”, no “sorriso” e na Ironia” do presidente. Este é um veterano com cinco campanhas presidenciais nas costas, e os respectivos debates, desde o hoje histórico 3 de dezembro de 1989, com Fernando Collor de Mello.
Foi o know-how adquirido nessa trajetória que lhe permitiu  aguentar o direto no queixo que foi a primeira pergunta de Alckmin na TV Bandeirantes: “Candidato Lula, de onde veio o dinheiro sujo – R$ 1,75 milhão em dólares e reais – para comprar o dossiê fajuto?”



Passado o susto, Lula soube reagir sem engrossar. As pesquisas qualitativas que acompanharam ao vivo o confronto, e as quantitativas que se seguiram, mostraram que se deu bem. Hoje ele até dá “graças a Deus” por haver segundo turno, como afirmou na Cidade Tiradentes, São Paulo, enquanto lamenta não ter ido ao debate da TV Globo na antevéspera do primeiro turno. Parece que pegou gosto.  Se tem ou não razão, em uma semana o país saberá.



Copm agências