Segundo turno dá nitidez à diferença de projetos, diz Marco Aurélio Garcia
“Este segundo turno tem um mérito extraordinário que é propiciar a nitidez do debate eleitoral, tanto em nível nacional quanto aqui no Rio Grande do Sul. O povo brasileiro e o povo gaúcho estão percebendo com mais clareza o que está realmente em jogo n
Publicado 21/10/2006 22:14 | Editado 04/03/2020 17:12
Conforme Garcia, o segundo turno clarificou a diferença entre o projeto que dá continuidade às transformações iniciadas por Lula e que caminham para o crescimento econômico com distribuição de renda e o projeto de Alckmin, que é ambíguo e não consegue aparecer com consistência, “sobretudo porque há um discurso oficial e um outro discurso submerso que pode ser localizado aqui e ali em declarações do próprio Alckmin que, logo após ter sido indicado candidato, disse que entre suas três prioridades a segunda delas era a retomada do processo de privatização”. Outra ambigüidade do discurso tucano, que segundo Garcia agora está mais nítida, é que ele anunciou que fará cortes de gastos fortíssimos para o país “sem a coragem ou talvez até a clareza de dizer que cortes serão estes”.
Crescimento com distribuição de renda
Para o coordenador, a população brasileira percebe agora que com Lula, o crescimento é de novo tipo, ou seja, com distribuição de renda. “Durante 50 anos (dos anos 30 aos anos 80), o país cresceu a taxas de até 12% ao ano. Mas esta foi uma evolução deformada pela concentração de renda, de poder e de conhecimento. Com Lula, o crescimento veio com mais renda, com a diminuição da vulnerabilidade externa e de um equilíbrio fiscal necessário. O crescimento com inflação é um crescimento que corrói os ganhos. E o crescimento com dependência externa, mais dia, menos dia, é interrompido exatamente por esta dependência”, sentenciou.
Para Garcia, o mesmo dilema entre os projetos se reproduz no RS. “Só que aqui, de modo mais grave já que o Estado vive uma crise estrutural”. O coordenador analisa que “de um lado há o projeto representado pelo governador Olívio Dutra que é de resolver a crise através de uma retomada do desenvolvimento econômico do Estado, que se fará em forte sintonia com o governo federal. De outro lado, vislumbro nas falas e na trajetória das forças políticas que estão com Yeda, uma proposta centrada em receitas clássicas que se revelaram falaciosas e fracassadas”. Segundo Garcia, nesse projeto primeiro virá um duríssimo choque fiscal e, depois, um forte programa de privatização que pode atingir instituições como o Banrisul, que tem tradição como alavanca para o fomento econômico do Estado.
“Quem pensa que a crise do RS chegou ao fundo, está equivocado”, enfatizou. “Ela pode se fazer mais funda ainda se aqui se fizer uma opção financista, liberal no velho estilo de uma economia totalmente ultrapassada. Este é o dilema”. E é, segundo ele, a percepção deste dilema que tem atraído para as campanhas de Olívio e de Lula, apoios de setores dos mais variados. São cooperativas, setores do empresariado realmente preocupados com estes problemas, dos partidos políticos que não estão formalmente neste composição como setores do PDT, do PMDB e até do PP. “Não vejo estes setores se sentindo cômodos ao lado de forças que não tem arraigo aqui neste Estado e não fazem parte do sistema político rio-grandense, mas que foram de alguma maneira catapultadas no RS em função de fatores próprios da política conjuntural”.
Fonte: Assessoria Frente Popular