Sarkozy expulsa muçulmanos do maior aeroporto francês

O ministro do Interior da França, Nicolas Sarkozy, defendeu neste sábado (21), em nome da segurança, a revogação dos passes que permitiam o acesso de dezenas de carregadores de bagagens muçulmanos a áreas reservadas do aeroporto de Roissy-Charles de Gaull

“Retiramos a habilitação de 43 pessoas”, não por suas feições, mas porque havia “elementos precisos que nos levaram a proibir sua entrada”, assegurou o direitista. O ministro disse que não podia aceitar que “pessoas que têm uma prática radical trabalhem em uma plataforma aeroportuária”.



Sarkozy, que falava para cerca de 2 mil pessoas na Universidade da Sorbonne, ressaltou que seu dever é garantir que pessoas com acesso às pistas de decolagem e aterrissagem não tenham “nem de perto, nem de longe, vínculos com organizações radicais”.



O Mrap (Movimento Contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos) afirmou que cem pessoas foram afetadas pela revogação de passes desde agosto. E expressou o temor de que nessas decisões tenham prevalecido “a arbitrariedade e a discriminação”. Sarkozy respondeu às afirmações do Mrap dizendo que, caso os afetados acreditem que são “vítimas de discriminação”, “que façam valer seus direitos nos tribunais”.



A Promotoria de Paris anunciou na quinta-feira passada uma investigação preliminar, após a denúncia de discriminação feita pelo sindicato CFDT em nome de carregadores muçulmanos de bagagem que perderam seus passes, supostamente por sua religião.



“Prefiro que corramos o risco de uma disputa judicial por termos sido muito severos do que a possibilidade de vivermos um drama porque não fomos severos o bastante. Todos os países do mundo fazem o mesmo”, afirmou Sarkozy. Ele calcula que a medida pode lhe render apoio eleitoral na fronteira entre a direita e a ultra-direita francesa, conhecida pela xenofobia.



A retirada de passes foi decidida após investigação da Unidade de Coordenação de Luta Antiterrorista que concluiu que os carregadores afetados constituíam um risco de “vulnerabilidade ou periculosidade” para a ampla área do aeroporto a que tinham acesso.



Com informações da agência EFE