Setor agrícola de SC perdeu R$ 1,5 bilhão em três anos
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,03 milhão de catarinenses morava na zona rural no ano passado, 4,3% a menos que em 2002. E quem ficou está cada vez ma
Publicado 18/10/2006 13:43 | Editado 04/03/2020 17:14
Menos gente e dinheiro no campo, esta é a conclusão da pesquisa. A população rural está cada vez mais pobre e envelhecida. Nos últimos três anos, a população rural catarinense ficou mais velha e viu a renda encolher
Os fatores responsáveis por essa situação são muitos. Falta de oportunidades levam os jovens às cidades; estiagens seguidas nos últimos três verões e preços baixos na hora de vender a produção deixaram produtores rurais no vermelho; não bastasse isso, criadores de suínos tiveram de enfrentar o fechamento do mercado russo, até o ano passado o maior comprador de carne catarinense.
Na zona rural só fica mesmo que tem grande quantidade de terra agricultável ou aqueles que já não têm mais idade compatível para se aventurar na cidade. Os números mostram que pelo menos um em cada cinco habitantes no campo tem mais de 50 anos. Eram 213,8 mil catarinenses nessa situação no ano passado, 18,6% a mais que em 2002.
Menos jovens estão interessados em ficar no campo, seguindo a atividade dos pais. O retrato do envelhecimento na zona rural fica muito mais evidente com o encolhimento da população com menos de 20 anos. Segundo o IBGE, em 2005 moravam 377,1 mil jovens e crianças, 11,2% a menos que em 2002. A população com mais de 50 anos aumentou 18,6% no período.
As soluções para resolver os problemas de empobrecimento e envelhecimento do campo dependem, segundo entidades ligadas ao campo, de melhoria nas políticas públicas para o setor.
O secretário de Comunicação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Sul (Fetraf-Sul), Tomé Colet, acredita que a queda na renda pode ser revertida, no curto e médio prazo, com a garantia do pagamento de preços mínimos e a criação de incentivos para a produção de alimentos de maior valor agregado.
Para manter o jovem no campo é preciso investir em infra-estrutura, gerar novas oportunidades de renda e tomar o exemplo das cooperativas que investem em iniciativas que apresentam bons resultados, diz o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) e da Coopercentral – a maior cooperativa do Estado -, José Zeferino Pedroso.
''Também é necessário assegurar a Santa Catarina a certificação internacional de zona livre de aftosa sem vacinação. Isso vai garantir mais renda e trabalho no campo.''
Colet, da Fetraf-Sul, defende a necessidade de maior investimento no acesso à terra, na formação, educação, lazer e criação de fontes de renda alternativas para o jovem, como o turismo rural, por exemplo.
Para o dirigente, o envelhecimento no campo impacta negativamente na sucessão das propriedades rurais e, conseqüente, na produção de alimentos dos agricultores familiares. ''Hoje o espaço urbano é valorizado e o campo, desvalorizado. É preciso mudar isso para manter o jovem agricultor em casa.'' (LA)
Informações: Luciano Alves
Correspondente/Chapecó AN