PCdoB avalia seus resultados e aprova orientações para o 2º turno
Em reunião extraordinária da Comissão Política Nacional, realizada durante todo o dia de hoje, 5/10, o PCdoB aprovou dois importantes documentos. O primeiro, intitulado “Reeleger Lula e os governadores progressistas para impulsionar a luta pela soberan
Publicado 05/10/2006 21:43
Publicamos abaixo a integra dos dois documentos. Um terceiro texto, denunciando o golpe arbitrário da cláusula de barreira, será divulgado em breve.
Reeleger Lula e os governadores progressistas para impulsionar a luta pela soberania nacional, pela democracia e pela valorização do trabalho
1- Apesar do virulento ataque da oposição liberal-conservadora e da manipulação da mídia hegemônica, o presidente Lula e a coligação “A força do povo” foram os grandes vitoriosos do primeiro turno da eleição presidencial. Por apenas 1,39 pontos percentuais, o candidato das forças populares e democráticas não foi consagrado vencedor já no domingo passado. Além disso, o campo progressista obteve importantes vitórias nas eleições para os governos estaduais, sobretudo na Bahia. Diante deste resultado, a direita golpista e sua mídia venal tentam inverter os papéis, difundindo um falso otimismo para abater o ânimo dos lutadores do povo. Lula obteve 6,7 milhões de votos a mais do que Geraldo Alckmin. O direitista é quem necessita superar esta enorme desvantagem. Ao candidato da coligação “A força do povo” cabe consolidar e ampliar ainda mais a votação nas regiões em que já teve estupenda vantagem, como no Norte e no Nordeste, e diminuir as diferenças nas regiões Sul e Sudeste. A vitória no segundo turno é plenamente viável e factível!
2- A batalha do segundo turno precisa colocar em estado de alerta e em plena mobilização todas as forças populares, democráticas e patrióticas. Do seu empenho redobrado e enérgico depende a nossa vitória. Não cabe neste momento nenhuma atitude omissa, neutra ou rotineira. O que está em jogo é o futuro do Brasil e da própria América Latina. Os direitistas sonham com a revanche neoliberal para retomar as negociações da Alca e enterrar de vez a integração latino-americana; para iniciar nova rodada de privatizações, com a entrega da Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Correios e Eletrobrás; para reduzir os investimentos nos programas sociais, demitir servidores públicos e reduzir o papel do Estado; para criminalizar e reprimir os movimentos sociais; e para realizar mais uma reforma da previdência que subtraia os direitos dos aposentados. As forças políticas e sociais comprometidas com as mudanças no Brasil necessitam colocar como prioridade máxima nos próximos dias a luta para barrar o retrocesso neoliberal.
3 – Desta maneira, a defesa ampla e firme da soberania nacional, da democracia e dos direitos do povo constitui a base que permitirá ampliar alianças políticas e o apoio social, isolando a direita e possibilitando a vitória de Lula no segundo turno e a sustentação de seu futuro governo. Como é natural, no primeiro turno houve setores que se mostraram apáticos, indecisos ou mesmo sem espaço para manifestar sua opinião própria, e que precisam agora ser ganhos e aglutinados. Desse modo é necessário buscar o mais amplo apoio do PMDB. Houve também quem, pela esquerda, manifestou seu desencanto colocando suas esperanças em outros candidatos em busca de uma solução mais avançada. É urgente reaglutinar o voto da esquerda para evitar qualquer possibilidade de vitória de Alckmin, do PSDB e PFL. É necessário igualmente um maior empenho das personalidades progressistas do país, dos intelectuais, artistas e outras figuras públicas. O PCdoB se empenhará concretamente na conformação de uma frente de centro-esquerda que tenha como núcleo a esquerda, batendo-se contra qualquer hegemonismo que venha a se manifestar. Todo este esforço de ampliação deve se refletir na montagem de várias coordenações estaduais, plurais e representativas, da campanha pela reeleição do presidente Lula.
4- A vitória no segundo turno dependerá da capacidade das forças integrantes da coligação “A força do Povo” de realizar um intenso debate de idéias na sociedade, demarcando campos com a direita neoliberal e desmascarando a abjeta manipulação da mídia hegemônica, inclusive o falso moralismo dos golpistas. É imprescindível polarizar e politizar a campanha do segundo turno. O debate programático deverá ser incentivado ao máximo, a comparação e o confronto de projetos, sejam na propaganda eleitoral gratuita, nos programas de televisão ou nos comícios, carreatas e plenárias, devem ser multiplicados. A vitória de Alckmin seria o retorno de FHC. É preciso insistir na idéia de que um segundo governo Lula deverá ser centrado no crescimento com distribuição de renda e riqueza. Para isto é fundamental a atuação voluntária e consciente da militância política comunista. Este é o maior patrimônio que o partido possui, forjado em décadas de luta contra a ditadura e a ofensiva neoliberal. No primeiro turno, a atuação militante ainda foi tímida e acuada. É preciso superar qualquer letargia ou omissão na batalha final. É na hora dos confrontos decisivos que se mede o estofo dos autênticos lutadores sociais, que se forjam novas lideranças e se afirmam os compromissos programáticos mais conseqüentes. Contra a manipulação da mídia e o ódio dos golpistas, o papel da militância é crucial na batalha de idéias.
5- Como medida concreta e imediata, é preciso organizar plenárias setoriais e territoriais para engajar toda a militância; promover atos amplos e representativos que reúnam os setores organizados e personalidades comprometidas com a democracia, a soberania e a justiça social; intensificar o visual em todas as cidades, tomando as ruas com camisetas vermelhas, bandeiras, painéis, botons; organizar carreatas, passeatas e comícios nas principais centros urbanos. Coordenações estaduais e regionais pela reeleição do presidente Lula devem ser imediatamente ativadas e ampliadas. No primeiro turno, Lula obteve 6,7 milhões de votos a mais do que o candidato da direita neoliberal. Com o empenho ativo e criativo da militância, é plenamente possível ampliar ainda mais esta vantagem, impedindo a revanche neoliberal e uma nova onda reacionária, e permitindo o avanço das mudanças no Brasil. O desafio está em nossas mãos. Não podemos perder o tempo histórico que pode impulsionar o processo transformador.
6 – Finalmente, nos Estados onde haverá segundo turno para eleição de governadores, o partido deve se orientar levando em conta as seguintes situações: nos Estados onde a coalizão da qual o PCdoB participa foi vitoriosa é preciso reordenar as forças visando ampliar a vitória de Lula à presidência da República e do candidato apoiado pelo partido ao governo estadual; nos Estados em que a coalizão da qual o Partido participou estará de fora do segundo turno deve-se construir o apoio à candidatura ao governo estadual que se defina em favor da candidatura Lula, visando o êxito da campanha presidencial e da candidatura estadual.
São Paulo, 5 de outubro de 2006
A Comissão Política do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil.
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PCdoB alcança resultado positivo no pleito de 1º de outubro de 2006
Terminadas as eleições para a renovação da Câmara Federal, das Assembléias Legislativas Estaduais e para 1/3 do Senado Federal o Partido Comunista do Brasil considera positivo o seu desempenho nestas batalhas.
Junto com estas eleições se disputou também o primeiro turno das eleições presidenciais e dos governos estaduais. As eleições, presidencial e em 10 Estados da Federação, serão resolvidas no segundo turno que ocorrerá no próximo dia 29 de outubro.
Foi a primeira vez que os comunistas participaram de um processo eleitoral na condição de partido da base de apoio do governo federal, conduzido por Luiz Inácio Lula da Silva que busca a reeleição. A luta pela eleição dos candidatos comunistas ao Senado, à Câmara de Deputados e às Assembléias Legislativas esteve, portanto emoldurada pela disputa pelos rumos que tomará o país nos próximos quatro anos prosseguindo as mudanças com Lula ou retrocedendo ao neoliberalismo com Alckmin. E esta luta se dá em processo extremamente acirrado por sucessivas crises e intensa ofensiva da oposição conservadora – PSDB, PFL ombreados aos monopólios midiáticos – na tentativa de voltar imediatamente ao governo federal.
O Partido Comunista e seus candidatos estiveram nas primeiras filas na luta pela reeleição de Lula para o prosseguimento das mudanças e no combate às forças neoliberais do retrocesso. Pela primeira vez desde a legalização do Partido em 1985 empenhou-se em buscar eleger representantes ao Senado da República tendo conquistado uma vaga com Inácio Arruda do Estado do Ceará, o que é uma significativa vitória. Ademais conquistou votações expressivas com Agnelo Queiroz no DF, com Jandira Feghali no RJ e com Luciano Siqueira em PE. Os candidatos comunistas nos diversos estados obtiveram um total de 6.364.019 votos, sendo o equivalente a 7,53% do total válido em todo país.
O Partido logrou eleger 13 deputados federais por 12 estados da federação tendo superado os 2% dos votos válidos em 9 Estados nos quais obteve a média de 4,36% dos votos válidos. Novas lideranças se projetaram como Manuela no Rio Grande do Sul, a mais votada do Estado, e Flávio Dino no Maranhão. Reconquistou uma cadeira no Estado do Piauí com Osmar Jr., reelegeu seus dois representantes pela Bahia e, no Acre, Perpétua Almeida foi novamente recordista de votos. Ousou desafiar as dificuldades em Minas e conseguiu manter sua representação através de Jô Moraes, a mais votada da esquerda naquele Estado. Além disto, o Partido elegeu deputados federais no Amazonas, Pernambuco, Rio de Janeiro, Amapá, São Paulo e Ceará.
O resultado do Ceará foi o que mais se destacou. Foram eleitos pela legenda do Partido um senador, um deputado federal e um deputado estadual. Entretanto, o Partido sofreu revezes em outros estados especialmente em São Paulo onde apesar de ter reeleito Aldo Rebelo com boa votação perdeu uma de suas vagas na Câmara dos Deputados assim como sua representação de dois deputados na Assembléia Legislativa. Quanto às Assembléias Legislativas nos Estados, o Partido perdeu posições tendo elegido 12 representantes em comparação com os 17 eleitos em 2002.
No seu conjunto, o resultado favorável aos comunistas no primeiro turno, deve ser uma base de apoio para o reforço e maior empenho do Partido visando à vitória da reeleição de Lula e dos candidatos aliados aos governos estaduais no segundo turno.
São Paulo, 5 de outubro de 2006
A Comissão Política do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil.