Cesar Maia quer levar o “amigo” Clodovil para o PFL

Prefeito do Rio parece não se importar com o fato do deputado-estilista ter dito em entrevista que não tem nenhum projeto, nenhuma proposta e que aceitaria se corromper por “muito dinheiro”.


Em meio à controvérsia causada pelo apoio do casal Garotinho ao presidenciável tucano Geraldo Alckmin, o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL) afirmou nesta quarta que deseja trazer o deputado federal eleito Clodovil Hernandes (PTC) para o PFL. As informações são da rádio CBN.


 


Durante entrevista coletiva nesta tarde, em que criticou duramente a posição de Alckmin de aceitar o apoio dos Garotinho, Maia comemorou a vitória de Clodovil, que disse ser um amigo de muitos anos. O prefeito contou ainda que ligou para o ex-apresentador para parabenizá-lo e convidá-lo para integrar o PFL.


 



Clodovil foi eleito deputado federal por São Paulo pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC) com cerca de 493 mil votos.


 


Em entrevista ao portal da Globo logo após ser confirmada sua eleição, Clodovil admitiu que aceitaria dinheiro para votar a favor de determinadas matérias no Congresso; “só depende da quantia”. Questionado sobre o mensalão, reconheceu: “R$ 30 mil é tão pouco… Se ainda fossem uns US$ 30 milhões… Por R$ 30 mil vender um país, você está louco. Cada um pesa o dinheiro na sua balança. E a minha precisa de muito”, disse o novo personagem folclórico da política nacional que o prefeito Cesar Maia quer levar para a bancada pefelista na Câmara.


 


Em outra entrevista, questionado sobre suas propostas no Legislativo, Clodovil não respondeu. “Eu não sei, não sei nem se tem política neste País”, afirmou.


 



Confira a entrevista dada por Clodovil ao Globo:


 


Daquela arara que nós vimos, o senhor vai escolher qualquer roupa para o dia da posse?


Clodovil – Qualquer uma. Tudo apodrece. O bicho come.


 


Como é que o senhor vê esse fato novo em sua vida? Adotou uma postura filosófica?


Clodovil – Não tenho expectativa nenhuma. Posso morrer amanhã. E depois, quem garante que não vão querer tomar o meu mandato?


 



O senhor considera a política, uma atividade da qual muita gente desconfia, um bom caminho para fazer o bem?


Clodovil – Vou começar assim: não posso assinar coisas concordando ou discordando sem ter consciência. Se eu chego lá metido a qualquer coisa, vou subir dez metros e me quebrar aqui embaixo. Não sou obrigado a saber tudo. E nem gostaria de saber.


 



Então o senhor quer aprender como agir no Congresso?


Clodovil – Antes de mais nada, vou analisar. Porque você veja. Ele [aponta para um assessor] trabalha aqui e ganha um salário. Mas ele me trata como se eu fosse um imbecil. Foi pagar a conta do partido, mas foram lá e cortaram a luz hoje. Ele não resolveu nada. Não tem respeito pelo que faço por ele. O emprego no Brasil é uma porcaria porque todo mundo quer direitos. Deveres ninguém quer.


 



O senhor define-se com uma pessoa conservadora, liberal…


Clodovil – Se eu vou ser deputado federal e não tenho escola nenhuma, vou ter de fazer uma escola. Minha escola é honesta. Não tenho intenção de passar de ano na vigarice. Quando estiver lá vão fazer o possível para me tirar, porque não vão me convencer a roubar.


 



Se recebesse uma proposta de mensalão, para receber R$ 30 mil por mês para votar a favor do governo, o que diria?


Clodovil – R$ 30 mil é tão pouco… Se ainda fossem uns US$ 30 milhões. Por R$ 30 mil vender um país, você está louco. Cada um pesa o dinheiro na sua balança. E a minha precisa de muito dinheiro.


 



Então não é uma questão de honestidade, mas do tamanho da cifra?


Clodovil – Mas isso é qualquer ser humano. Não vou me sujar por pouco. Vou me sujar por alguns milhões de dólares, é claro. Pego esses milhões de dólares e faço a benemerência que eu quiser. E dane-se a retranca. Não tenho filho, não tenho amante, não tenho mulher, não tenho nada. Isso não é desonestidade. Isso é oportunidade. Agora, vender um país por 30 paus é demais para a minha cabeça.


 



Isso seria considerado ilegal. Receber dinheiro público para votar com o governo, por exemplo, seria considerado corrupção…


Clodovil – Claro que eu sei. Não sou analfabeto. Você acha que eu vou chegar lá e encontrar São Francisco de Assis? Mude primeiro de mentalidade. Quem está lá é brasileiro como você. Não são gregos e troianos.


 



De que forma viria a mudança? O Sr. se propõe a chegar lá e aprender com os colegas…


Clodovil – Colega não, porque quem tem colega está preso.


 



O senhor gosta de Brasília?


Clodovil – Fui a Brasilia várias vezes. É uma cidade diferente. Lá não tem esquina.


 



O que pensou quando disse que Brasilia não será a mesma a partir de sua eleição?


Clodovil – É um slogan inventado, um slogan mágico, essas coisas que me elegeram. Eles confundem seriedade com terno de tergal e voz empostada. Não é nada disso. Seriedade é outra coisa. Essa frase é para os inimigos curtirem. Eles falam: “esse gay vai para lá, esse velho.”


 



Como o senhor reage a ataques assim?


Clodovil – Reagia mal.


 



Agora não liga mais?


Clodovil – Ligo muito. Sei que vou sofrer. Se o Collor tinha aquilo roxo, o meu é cor-de-rosa choque. O vencedor nessa campanha não foi o Maluf, nem o Russomano. Fui eu.


 


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