Apesar da ascensão de Jandira, a ordem no Rio é intensificar campanhas

A dois dias das eleições, cresce a vantagem de Jandira sobre Dornelles na disputa pelo Senado no Rio de Janeiro. De acordo com a mais recente pesquisa Datafolha, a comunista abriu oito pontos de vantagem sobre o candidato do PP e pode estar mais perto de alcançar uma cadeira, a primeira que o PCdoB conquistaria depois de Luís Carlos Prestes, em 1945. Apesar do bom resultado, o momento ainda é de cautela. “A disputa não está ganha, mas o fato de Jandira estar na frente em todas as pesquisas é um dado positivo”, alertou a presidente do PCdoB no Rio de Janeiro, Ana Rocha.

Segundo sua análise, num cenário de grande polarização, em que Jandira representa a renovação e Dornelles o continuísmo conservador, o crescimento da candidata está intimamente ligado à sua vida pública. “Sua evolução entre os eleitores reflete a trajetória coerente de lutas pelo desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro, de defesa dos direitos dos trabalhadores e das mulheres e por melhorias na saúde”, disse Ana. “Temos condições de ganhar, mas ainda há dois dias para as eleições e não sabemos qual é a tática da campanha de Dornelles para os próximos dias, especialmente levando em conta a máquina que o candidato tem à sua disposição. Mantida a tendência atual, temos plenas condições de alcançar a vitória”. Vencendo, abre-se um novo cenário para o campo progressista e mudancista. “Seria a consolidação de uma liderança de esquerda no Rio. Para o PCdoB, seria um salto político estadual com forte impacto nacional”, pondera Ana Rocha.

Ares favoráveis

Pelas ruas das cidades, por onde a campanha de Jandira passa, a empatia com a população é automática, em especial entre as mulheres. Tendo em vista a boa receptividade que a candidata tem no contato com a população, a coordenação de sua campanha vai intensificar as ações de rua nestas últimas horas pré-eleição. Serão feitas caminhadas, carreatas e distribuição de materiais nos principais pontos do estado.

O êxito da campanha de Jandira é resultado de um esforço concentrado de toda militância fluminense somado ao enfoque particular que têm as campanhas majoritárias.  “Numa campanha majoritária, a tática é muito diferente daquelas usadas nas campanhas proporcionais. A campanha para deputados estaduais e federais, em geral, é focada num determinado segmento ou região. No caso da disputa ao Senado, o campo é muito mais amplo”, explicou Ana Rocha.

Foi nesse contexto que nasceu o slogan de campanha, “Jandira, a senadora de todo o Rio”, com o objetivo de abarcar todo o estado e criar uma identificação com setores diferentes da população. “Dessa forma, não apenas conseguimos consolidar o voto de opinião como chegamos mais perto do povo e dos trabalhadores. Também foi reforçada a  idéia de que Jandira, com Lula presidente, pode viabilizar o desenvolvimento do Rio de Janeiro”, disse. Do ponto de vista geográfico, completou a dirigente, “tivemos a preocupação de focar a campanha na capital e no Grande Rio, onde está a maior concentração de eleitores, sem deixar de lado o interior e as cidades-pólo”.

No campo proporcional, o PCdoB lançou 16 nomes para a Câmara e 67 para a Assembléia. Pela natureza da disputa, é difícil dimensionar os resultados que 1º de outubro pode reservar. No entanto, entre os comunistas, um dos nomes que têm tido boa aceitação é o de Edmilson Valentim para a Câmara e de Fernando Gusmão para deputado estadual. Conforme previsão da direção, o PCdoB do Rio poderá eleger dois candidatos para a Assembléia. A orientação para a militância é  buscar votos em plenárias municipais e setoriais e dar maior visibilidade para todos os comunistas. Todo o partido está envolvido. E a campanha de Jandira ajuda a puxar votos também para os proporcionais. Estamos batalhando até o último minuto pela vitória. Esta é uma experiência nova, é um projeto ousado, que exige empenho porque extrapola nossas forças”.

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De São Paulo,
Priscila Lobregatte