Franklin Martins: Vamos ou não ter segundo turno?

Pelos números do Sensus divulgados ontem, Lula deve vencer já no próximo domingo. De acordo com a pesquisa, ele teria 51,1% das intenções de voto, quase o mesmo índice do levantamento de um mês atrás, contra 35,5% de todos os outros candidatos somados. O

É verdade que Alckmin cresceu fortemente – quase oito pontos –, alcançando 27,5%. Mas como seu crescimento deu-se em cima dos eleitores indecisos e dos votos de Heloisa Helena, que caiu de 8,6% para 5,7%, e os demais candidatos permaneceram estagnados, não teria havido o deslocamento do eleitorado necessário para levar a decisão para o segundo turno.



Os números da CNT/Sensus foram prontamente rechaçados pela campanha de Alckmin. O próprio candidato declarou que não iria comentar os resultados, alegando que a pesquisa não é séria, mas escandalosa. É bom lembrar que não é a primeira vez que os tucanos criticam duramente o Sensus. No início do ano, quando o instituto captou pela primeira vez uma forte recuperação na popularidade de Lula, a ponto de ele abrir uma diferença de dez pontos sobre José Serra no segundo turno, o PSDB, através de seu líder, o senador Artur Virgílio, chegou a ameaçar bater às portas da Justiça Eleitoral contra o instituto. Dez dias depois, outros levantamentos, embora com variações de números, registraram o mesmo fenômeno.



Não dá para dizer se a pesquisa está correta ou não. Só as urnas poderão resolver essa questão. Mas o fato é que os números do Sensus são praticamente iguais aos do Vox Populi da semana passada, que atribuiu a Lula 51% das intenções de voto, a Alckmin 27%, e a Heloisa Helena 6% e a Cristovam1%. Já o Ibope aponta para outro lado (Lula 47%, Alckmin 33%, HH 8% e Cristovam 2%), enquanto o Datafolha situa-se no meio do caminho: Lula 49%, Alckmin 31%, HH 7% e Cristovam 2%.



Seja como for, depois de dez dias do início da crise do dossiê, dos quatro institutos que vêm pesquisando regularmente a evolução da corrida presidencial, três apontam para uma vitória de Lula no primeiro turno. O que varia, no caso desses três institutos, é o tamanho da vantagem de Lula sobre todos os seus adversários somados. Para o Sensus e o Vox Populi, a diferença seria de 15 pontos. Para o Datafolha, de oito.
Numa posição conflitante, situa-se o Ibope, que na pesquisa de sábado captou uma redução da vantagem de Lula para apenas três pontos, dando a entender que a crise do dossiê teria provocado uma virada, provavelmente remetendo a eleição para o segundo turno.



Os institutos vêm evitando dar explicações públicas para as discrepâncias. Vigora entre eles o acordo tácito de não alimentar polêmicas públicas. Mas, em conversas reservadas, vários especialistas disseram-me nas últimas 48 horas que não têm dúvidas de que a tendência mais forte é de que a eleição se decida no primeiro turno.
De hoje até sexta teremos novas pesquisas do Datafolha, do Ibope e do Vox Populi. Vamos ver se elas convergem ou se seguem atirando para lados diferentes.



Fonte: http://www.franklinmartins.com.br