Mercadante cobra rigor nas investigações contra Serra
O candidato do PT ao governo de São Paulo, senador Aloizio Mercadante, cobrou nesta terça-feira (19) rigor nas investigações sobre o envolvmento do ex-ministro José Serra (PSDB), também candidato ao governo estadual, com a máfia das ambulâncias.
Publicado 19/09/2006 19:14
Para Mercadante, por suspeitas semelhantes às que recaem sobre o ex-ministro da Saúde, diversos parlamentares estão sofrendo processos de cassação de mandato e alguns candidatos podem ter suas candidaturas impugnadas por envolvimento no esquema.
“São vários indicadores tão graves quanto foram apontados para outros parlamentares que estão com pedido de cassação do mandato. Nós temos dois candidatos ao governo do Estado que estão com o pedido de cassação da candidatura. Eu não farei pré-julgamento, mas eu acho que essas questões têm que ser investigadas com a mesma rapidez e o mesmo rigor. E que as pessoas têm que explicar aquilo que está sendo apresentado”, disse o petista após o lançamento oficial de seu programa de governo.
Em Mato Grosso, por exemplo, o Ministério Público Eleitoral de Mato Grosso entrou com recursos no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo o indeferimento das candidaturas ao governo do Estado dos senadores Antero Paes de Barros (PSDB) e Serys Slhessarenko (PT) por causa do suposto envolvimento no esquema dos sanguessugas. Segundo o órgão, existem “provas indiciárias que afastam a presunção de moralidade” contra os dois.
Mercadante criticou ainda a tentativa do PSDB de usar o episódio da suposta negociação de um dossiê por membros do PT, que ele classificou de “outro crime que não poderia de forma alguma ter acontecido nessa campanha”, para tirar do foco as denúncias de que a máfia das ambulâncias estava estruturada durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso, conforme reportagem publicada pela revista IstoÉ.
O candidato do PT também atacou a entrevista concedida, na segunda-feira, pelo candidato a vice-governador na chapa de Serra ao Palácio dos Bandeirantes, Alberto Goldman à TV Gazeta. Na ocasião, ele disse que a família Vedoin havia procurado o PSDB para oferecer um dossiê contra adversários do PSDB no Estado de São Paulo, dando a entender que seria Mercadante.
“Isso para mim é um factóide e uma coisa irresponsável, porque se eles foram procurados para esse tipo de coisa, deveriam ter denunciado à polícia e tomado medidas”, afirmou o petista, que se defendeu com ironias: “Eu não fui ministro da Saúde, não foi no meu governo que liberou 70% das ambulâncias do Vedoin, não existe fita minha com o Vedoin, não existe fotografia minha com o Vedoin, não tem uma emenda na Saúde que tenha qualquer relação com as empresas que estão aí envolvidas com a Planam.”
Ainda sobre o episódio da tentativa de compra de dossiê, Mercadante defendeu o ex-assessor da Presidência da República, Freud Godoy. Um dos presos disse à PF que teria sido ele o articulador da ação e o fornecedor do dinheiro – R$ 1,7 milhão. Após conversa com Lula, Freud foi exonerado do cargo.
Para o senador, é preciso tomar cuidado com os pré-julgamentos. “Não é possível tratar um cidadão nessas condições com o nível de suspeição que está sendo tratado. Portanto, é necessário cuidado nesse clima de campanha para que não se cometam graves injustiças e vamos deixar a Polícia Federal investigar com rigor e chegar aos verdadeiros responsáveis.”
Com informações da Folha Online