Ou deixar a pátria livre ou…

Celso Martins de Souza*


O Brasil comemora, hoje, 184 anos de Independência. Mas é de fato independente?

O dia 7 de setembro, como todos sabem é o Dia da Independência do Brasil. Mas será que somos independentes mesmo? No dia 7 de setembro de 1822, o filho do rei de Portugal Dom João VI, de nome Pedro, diz a história oficial, deu o brado Independência ou Morte, às margens do rio Ipiranga, contrapondo-se ao reino português, deixando o país livre e criando o império, sendo o nosso primeiro imperador, D. Pedro I.


Mas porque D. Pedro tomou essa atitude? Justamente porque sabiam que a independência do Brasil viria com ou sem essa parte da oligarquia, que sempre quis manter as coisas como estavam, sem perder seus privilégios. Também para evitar que movimentos mais radicais, populares e republicanos, tomassem o poder. D. Pedro outorgou a Constituição de 1824 com o voto censitário, isto é, de acordo com as posses dos eleitores. Esse voto somente foi abolido na Constituição de 1891, a primeira republicana, quando passaram a ter direito ao voto todos os homens alfabetizados maiores de 21 anos. As mulheres, por exemplo, só conquistaram o direito ao voto a partir de 1934, após anos e anos de lutas.


Analisar os fatos à luz da história sempre faz bem quando procuramos aprender com os erros do passado para não repeti-los no presente, com o intuito de legar um futuro melhor para nossos filhos. Mas, 184 anos depois, como anda nossa independência? O Brasil sofreu muito em todos seus 506 anos de existência. Foram 322 anos de colônia, 388 de regime escravista e 77 de monarquia e 117 anos de República, que foi proclamada pelo marechal Deodoro da Fonseca, até então monarquista.


Os primeiros a sofrerem com  colonização  foram os índios, que já estavam aqui. Depois os africanos arrancados de seus lares e trazidos na marra em porões de navios para serem escravos. Com a abolição e a República, o Brasil mudou, mas o povo ainda esteve afastado do poder.


O nosso país sempre  esteve submetido ao  imperialismo. Primeiro como colônia de Portugal,  depois sob o controle inglês e  finalmente sob as garras dos norte-americanos. Mas o Brasil ganha uma voz mais forte e soberana com a eleição em 2002 do nosso presidente Lula.


Mas voltemos à história. Após a Revolução de 1930, que  tirou do poder as oligarquias paulista e mineira e instaurou, em 1937, o Estado Novo, uma ditadura que ficou até 1945, ficamos sem eleger presidente e governadores. Após esse período voltamos a ter eleições, mas o Partido Comunista Do Brasil – com a sigla PCB na época -, esteve na legalidade por apenas 2 anos. Em 1964 os militares aliados com setores da elite ligados ao sistema financeiro internacional, assaltaram o poder com um golpe de estado.


Muitos foram presos, torturados, banidos do país e assassinados, sendo que os comunistas puderam viver com seu partido na legalidade apenas de 1945 a 1947. E após o fim da ditadura de 1964, a partir de 1985. Ou seja um total de 23 anos em 84 de existência. Foi com muita perseverança que lutamos contra a ditadura, luta que teve muita força nos operários do ABC, com a primeira greve após dez anos de silêncio, em 1978, e prosseguida em 1979 e 1980, inclusive com a prisão dos líderes grevistas, entre eles, Lula. Desde então vieram os sucessivos governos civis. E o primeiro presidente eleito pelo voto popular foi Collor de Mello, que afundou o país e sofreu impeachment, quando os jovens estudantes de todo o país, com força e com vontade, foram para as ruas com as caras pintadas. Assumiu Itamar Franco e durante 2 anos o Brasil viveu uma certa calmaria. Mas em 1994 foi eleito FHC, reeleito em 1998.Totalmente submetido aos ditames do imperialismo norte-americano, FHC promoveu o maior desmanche do Estado brasileiro, sucateando e privatizando grandes empresas estatais a troco de moedas podres, onerando os cofres públicos. Além disso, arrasou a educação, a saúde, o emprego, assim como todos os setores sociais. FHC verdadeiramente entregou o Brasil aos estrangeiros.


Em 2002, elegemos Lula e, pela primeira vez na história, um operário chega ao poder. E, pela primeira vez também, o país teve uma voz altiva na Presidência contra as ordens do sistema financeiro internacional. Por isso agora precisamos reelegê-lo para o Brasil ser ainda mais soberano e livre como precisa ser uma nação quer deseja crescer forte e altiva como o Brasil pode e deve ser. Como diz o nosso Hino da Independência: “Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”.


O Brasil tem agora que promover com muito maior pujança uma divisão da riqueza produzida acabando com a miséria e a fome. Também é necessário combater com mais garra e determinação o analfabetismo de milhares de brasileiros, dando maiores oportunidades de desenvolvimento para todos, assim como um reforma universitária que coloque nos bancos acadêmicos os filhos de trabalhadores e estes possam criar mais inteligência no país.


O povo brasileiro tem a chance, a partir de 1º de outubro, de escrever uma nova página da história do país, participando mais, erguendo mais a voz, com atuação forte em favor do desenvolvimento do Brasil, com o pleno emprego, combatendo a concentração de renda e criando uma nova mentalidade de se fazer política. Por isso a nova palavra de ordem é participação consciente de todos, para que não sejamos nunca mais governados por uma elite que vive de costas para o país, contra o nosso povo a nossa cultura, os interesses nacionais.


* Celso Martins de Souza é o Professor Celso, candidato a deputado estadual pelo PCdoB de São Bernardo do Campo