Para Jandira Feghali, começou o baixo nível na campanha

Tanto a campanha da deputada Jandira Feghali (PCdoB), que concorre a senadora no Rio de Janeiro, como a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) desmentiram a matéria Ação entre amigos, do Correio Brasiliense. O texto acusa Jandira

O site da candidata (http://www.jandirafeghali651.can.br) afirma que “o jornal Correio Braziliense iniciou no último sábado uma guerra eleitoral suja, fazendo o jogo do adversário político de Jandira Feghali”, cuja “proximidade com o povo e a liderança nas pesquisas estão incomodando muito”. Na última pesquisa Ibope, divulgada sexta-feira, Jandira aparece com 23% das intenções de voto, seguida por Francisco Dornelles (PP), com 21%.


 


“A mais avançada do mundo”



O site confirma que a emenda apresentada por Jandira foi solicitada pela UFRJ, feita segundo os parâmetros do programa do Ministério de Ciência e Tecnologia “e segundo as profundas necessidades do setor e dos homens e mulheres que navegam”. O objetivo: adquirir um centro de simulação aquaviária, que permite reproduzir em terra, para treinamento, as situações enfrentadas por um navio em alto mar.



Em nota, a UFRJ confirma que a tecnologia dos equipamentos adquiridos é “hoje a mais avançada do mundo”. Defende a aquisição como “importante conquista para o país” e redutora de custos, pois essa qualificação atualmente é realizada no exterior, além de abrir “novos horizontes de formação e pesquisa”. Defende também a localização do equipamento na sede do Sindicato, como “fator de facilitação do acesso ao conjunto do público-alvo, o que permitirá otimizar o uso do equipamento”.



Sindicato não recebeu um centavo



Foi de iniciativa da universidade o convênio com o Sindicato. Este cumpriu sua parte e colocou de seus próprios recursos R$ 800 mil, mas nunca recebeu ou administrou qualquer centavo do dinheiro público. Todo o valor da emenda foi depositado na conta da universidade e por ela administrado.



Os recursos da emenda orçamentária — R$ 2,5 milhões — conforme a UFRJ “foram utilizados com rigorosa observância da legislação – como é dever e prática da instituição – exclusivamente para a aquisição dos equipamentos e softwares necessários à implantação e desenvolvimento do projeto”. A nota da universidade explicita que “todos os pagamentos foram efetuados diretamente à empresa fornecedora”. E traz em anexo um exaustivo demonstrativo consolidado das despesas do projeto.



“Meu marido não é proprietário de entidade”



“Detalhe: Jandira exerce liderança parlamentar no setor há 20 anos e o marido dela é liderança sindical na mesma área, nacional e internacionalmente reconhecida, muito antes de se casar com a deputada. O sindicato presidido por Severino tem 96% de filiação da categoria e nunca utilizou recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para suas atividades”, afirma o site da candidata comunista.



 “Gostaria de salientar que o meu marido possui mandato, não é proprietário de entidade sindical. Os equipamentos são de propriedade da universidade e voltados para utilização pelos profissionais que o sindicato representa nacionalmente”, frisou Jandira, completando: “Não deixaria de contribuir para este segmento tão importante para o setor naval e de marinha mercante e nem poderia ser excluída sua maior liderança pelo fato de ser casado comigo. Gostaria de ressaltar que participo das lutas neste setor desde 1988 e sou casada com o Severino apenas há seis anos”.



Não houve contratação de pessoal



Segundo relato da UFRJ existiam no mercado apenas duas empresas capazes de fornecer o equipamento: a Kongsberg, norueguesa, e a Transas, americana. Não há similar nacional. A cotação feita pela universidade no mercado internacional demonstrou que a Transas ofereceu “as melhores condições de preço, de prazos, maior integração entre os produtos cotados, as melhores tecnologias de simulação atualmente no mercado, o atendimento integral dos requisitos técnicos relacionados”. A Kongsberg pediu preço mais elevado e prazo maior.



Todo projeto foi assessorado pelo técnico Marcos Silveira, oficial de náutica. Marcos foi colega de turma de Severino e especializou-se na matéria, mas não tem qualquer vínculo formal com o Sindicato. Não há vínculo empregatício ou contratual entre eles.
“Marcos assessorou e continua assessorando o sindicato durante todo o projeto. Não é verdade, como afirmou a matéria, que a empresa de Marcos tenha feito qualquer intermediação para contratação de pessoal para o projeto. Não houve qualquer contratação de pessoal. Segundo a UFRJ, o contrato inclui a montagem dos equipamentos e os técnicos, que são vinculados diretamente à empresa fornecedora. O projeto ainda não está na fase de contratação de professores e outros profissionais necessários à operação do simulador”, afirma o site de Jandira.



Jandira de declara orgulhosa



A deputada sente-se orgulhosa pelo projeto e o Centro de Simulação Aquaviária só não foi inaugurado ainda por que faltam ajustes finos no software. Quando a fita inaugural for cortada, a parlamentar afirma que certamente estará na cerimônia.



“Será o mais moderno do mundo, contribuirá para a soberania nacional, levará à segurança da operação das embarcações de Marinha Mercante e da pesca, evitando riscos à vida e ao meio ambiente, e será um orgulho para o governo brasileiro e para os trabalhadores brasileiros, para a Marinha do Brasil e para o Rio de Janeiro”, avalia Jandira Feghali.



O projeto é considerado estratégico para capacitar profissionais brasileiros para atender à demanda do trabalho na navegação marítima comercial e na atividade de apoio às plataformas marítimas de exploração e prospecção de petróleo.



Íntegra da nota da UFRJ



O posicionamento da UFRJ está em na nota intitulada Esclarecimentos da UFRJ sobre o Convênio firmado com o Sindicato dos Oficias da Marinha Mercante. Veja a íntegra:




“A Universidade Federal do Rio de Janeiro, ante a matéria intitulada Ação entre amigos, publicada na página 2, na editoria Política/Brasil, do jornal Correio Brasiliense, de 1º de setembro de 2006, vem a público para prestar os esclarecimentos seguintes.


A Universidade, antes de tudo, reitera seu integral apoio à imprensa brasileira por seus esforços constantes para manter a sociedade bem informada, especialmente a respeito da gestão da coisa pública, o que constitui contribuição decisiva para a defesa e aperfeiçoamento do Estado democrático de direito no Brasil; causa com a qual a UFRJ tem histórico compromisso. Por essa razão mesma, a Universidade está permanentemente aberta à verificação pública de seus procedimentos.



Esclarece adicionalmente que a missão social da Universidade inclui não apenas atividades de ensino e pesquisa, mas também as de extensão, através da qual transfere à sociedade conhecimentos que nela são produzidos. Nesse sentido, a interação institucional com entidades e representações da sociedade civil organizada é não apenas comum e usual, como, sobretudo, indispensável ao cumprimento das tarefas de extensão que lhe são inerentes. Para tanto, há anos a UFRJ desenvolve projetos acadêmicos com associações comunitárias, ONGs, sindicatos de trabalhadores, sindicatos patronais, conforme quadro demonstrativo anexo.



A recuperação do setor marítimo brasileiro, cuja principal base de apoio está localizada no Rio de Janeiro, estimulou a Universidade Federal do Rio de Janeiro a estabelecer uma parceria com o Sindicato dos Marítimos, com vistas à implantação de um Centro de Simulação Aquaviária (CSA) para o desenvolvimento de projetos de natureza acadêmica, visando, entre outros objetivos, capacitar e qualificar recursos humanos na área de operação de tráfego marítimo.



A tecnologia de simulação aquaviária incorporada aos equipamentos adquiridos – hoje a mais avançada do mundo no setor – constituir-se-á em importante conquista para o país, com a decorrente redução de custos relacionados à formação de recursos humanos com alta qualificação, atualmente realizada no exterior. Além disso, a possibilidade de utilização desses equipamentos – que, uma vez adquiridos, passam a integrar o patrimônio da UFRJ – por professores, pesquisadores e estudantes abrirá novos horizontes de formação e pesquisa, em área de conhecimento na qual a UFRJ já se notabiliza.



O projeto CSA, dessa forma, por seu caráter multidisciplinar, contempla uma importante prioridade estratégica da UFRJ. E sua implantação na sede do Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante localizada no Centro da Cidade do Rio de Janeiro constitui-se em fator de facilitação do acesso ao conjunto do público-alvo, o que permitirá otimizar o uso do equipamento.



O significado desse convênio para a UFRJ pode ser avaliado quando se apresenta seus objetivos, entre os quais destacamos:



1. Intercâmbio de conhecimentos técnicos, científicos e culturais;
2. Atividades de ensino pesquisa e extensão acadêmicas;
3. Cessão de recursos laboratoriais;
4. Desenvolvimento de projetos específicos, incentivos à pesquisa e estabelecimento de novas parcerias, voltados à navegação de recreio, pesqueira, fluvial, off shore, marítima para a indústria do petróleo, atividade portuária e para todas as áreas de marinha mercante e atividades afins;
5. Aperfeiçoamento, treinamento, capacitação e certificação de trabalhadores nos setores da navegação de recreio, pesqueira, fluvial, offshore, marítima para indústria do petróleo, atividade portuária e de todas as áreas de marinha mercante.



Por solicitação da UFRJ, a Deputada Jandira Feghali encaminhou proposta de emenda ao orçamento de 2005, no valor de R$ 2.500.000,00, que viabilizou a implantação do projeto. Esses recursos foram utilizados com rigorosa observância da legislação – como é dever e prática da instituição – exclusivamente para a aquisição dos equipamentos e softwares necessários à implantação e desenvolvimento do projeto. A compra foi precedida de cotação internacional de preços, que indicou a empresa Transas Marine USA, Inc, por oferecer as melhores condições de preço, de prazos, maior integração entre os produtos cotados, as melhores tecnologias de simulação atualmente no mercado, o atendimento integral dos requisitos técnicos relacionados. Todos os pagamentos foram efetuados diretamente a essa empresa fornecedora. Abaixo, ilustrativamente, segue demonstrativo consolidado das operações relativas aos procedimentos de aquisição e quadro com resumo das etapas principais do processo. Deve-se mencionar que o valor total previsto para a execução de todas as etapas do projeto excedia o montante de R$ 2.500.000,00, aprovado na emenda parlamentar; no entanto, tendo em vista a opção de aquisição por intermédio da empresa Transas Marine USA, Inc – que apresentou, entre outros diferenciais já mencionados, o melhor preço –, foi possível adquirir novos equipamentos e softwares previstos para a segunda etapa do projeto, com o valor indicado neste subtotal.”



Para ver o quadro demonstrativo das despesas, assim como a íntegra da matéria do Correio Brasiliense, clique em http://www.ufrj.br/noticias/materia.php?cod=2938.