Deputado Fernando Ferro analisa destempero de FHC

O golpista do Jockey Club

Fernando Ferro (*)

Fernando Henrique de “Lacerda” está cada vez mais incômodo para os tucanos. Muita gente sabe que ele não gosta do Brasil, tanto que em seu governo o País recorreu três vezes ao FMI de pires na mão, muitas estatais foram torradas na bacia das almas, o sistema Telebrás foi vendido “no limite da irresponsabilidade”, o banqueiro mafioso Salvatore Vicente Cacciola levou do Banco Central, numa única tacada, 1,5 bilhão de dólares e depois sumiu com a grana. A propósito do nome, é necessário reconhecer que de Carlos Lacerda FHC tem apenas o pendor golpista, faltando-lhe a inteligência, o brilho de oratória e a dimensão nacional da política.

O breve resumo acima de alguns dos feitos do governo de Fernando Henrique de Lacerda permite suspeitar que, em seu governo, a corrupção não foi uma componente marginal. Pelo contrário, ao que tudo indica, foi erigida à condição de política de governo.

Conhecíamos, portanto, há muito tempo, a vocação demolidora do ex-presidente. Mas agora estamos descobrindo uma nova faceta deste Nero tupiniquim. Falando recentemente no Jockey Club de São Paulo, referindo-se ao Brasil, propôs que se queimasse o palheiro. No entanto, não se sabe onde ele vai achar tanto fósforo para acender tamanha coivara. Dir-se-ia que o antigo “príncipe dos sociólogos”, caricato e senil, sofreu um ataque de apoplexia e escolheu o dia 29 de agosto para fazer uma homenagem ao mês do cachorro doido.

A reação de Fernando Henrique de Lacerda, incendiária e despropositada, exalou ódio, vaidade e hipocrisia. Ódio, porque está em curso um processo de inclusão social sem precedentes na história do Brasil. Vaidade, porque seu ego não suporta o fato de que um operário na Presidência da República goza de um reconhecimento nacional e internacional que suplanta largamente o reconhecimento dedicado ao antigo “príncipe dos sociólogos”, agora “sociólogo Daslu” que morre de ciúmes, lembrando uma mariposa desesperada em busca de luzes e ribalta. Hipocrisia, porque trata de imputar ao atual governo todos os episódios de corrupção, fingindo ignorar que todos os esquemas de corrupção, que estão sendo investigados e denunciados, tiveram origem ou atravessaram e prosperaram em seu governo.

A parte do discurso em que Fernando Henrique de Lacerda confessa que gostaria de ser igual ao Lula líder sindical entra no campo da psicanálise; é a confissão tardia de alguém que fez sua carreira tentando parasitar o movimento pela democracia.

Resumindo, o discurso do Jockey Club foi um caso de golpismo explícito, em que um ex-presidente da República se equipara a figuras caricatas de golpistas tradicionais, como ACM.

Felizmente, as bravatas incendiárias de Fernando Henrique de Lacerda não têm repercussão no seio do povo, chocam-se contra a solidez das instituições democráticas e certamente sequer comovem a direita civilizada. Pelo menos neste momento da história brasileira os profetas do golpe estão destinados a pregar no deserto. Triste fim para alguém que perdeu a noção do ridículo e gradativamente abandonou a liturgia do cargo de ex-presidente, algo que só estadistas têm grandeza para exercer.

* Deputado Federal (PT-PE), vice-líder do partido na Câmara dos Deputados