Brasil e Bolívia reatam negociação do gás; aumento adiado
O vice-presidente boliviano Álvaro García Linera esteve em Brasília nesta quinta-feira (24) com o objetivo de reabrir um canal de diálogo com o governo brasileiro para a retomada das negociações sobre o aumento no preço do gás importado da Bolívia. Ficou
Publicado 25/08/2006 17:10
Linera garantiu que o Brasil não corre nenhum risco de interrupção no abastecimento do gás. As negociações devem ser reiniciadas em setembro. A data ainda será definida pelos dois governos.
Negociação com ou sem política?
Ele foi destacado pelo presidente Evo Morales para acompanhar semanal e mensalmente os avanços em torno dos contratos, preços e investimentos, que, segundo ele, serão negociados de forma integrada.
De acordo com o vice-presidente, a Bolívia quer que as negociações se desenvolvam no plano técnico, mas com acompanhamento político, divergindo da tese defendida pela Petrobras, de que as negociações deveriam ocorrer entre empresas — a própria Petrobras e a estatal boliviana YPFB (Yacimentos Petroliferos Fiscales Bolivianos).
Segundo o assessor internacional da presidência da República, Marco Aurélio Garcia, os ministros Silas Rondeau de Minas e Energia e Dilma Roussef, da Casa Civil, farão esse acompanhamento por parte do governo brasileiro.
Mal-entendido
García Linera destacou que há vontade mútua dos dois governos para que um acordo seja fechado até novembro, prazo estipulado pelo decreto presidencial boliviano de 1º de maio, quando Evo Morales tomou as refinarias da Petrobras com o Exército. O vice-presidente minimizou o que chamou de mal-entendido e esclareceu que não haverá acordo pautado pela imprensa.
Pelo contrato atual, em outubro haverá revisão do preço do gás. A Bolívia quer estipular um percentual de reajuste que seja somado a este aumento, o que é considerado inaceitável pela Petrobras. Entretanto, para o Brasil, a Bolívia é fundamental do ponto de vista da segurança energética na região.
Sobre as acusações vindas da Bolívia de que a Petrobras é uma companhia sabotadora, Linera afirmou que “considera o governo e a empresa (Petrobras) como sócios estratégicos da Bolívia e queremos que sigam sendo para que seja consolidada a autonomia energética da Bolívia”.
Marco Aurélio Garcia disse ainda que a última palavra será dada pelo presidente Lula e que a Petrobras, empresa que tem 51% de suas ações nas mãos do governo federal, acatará as decisões tomadas pelo governo. “O mais importante é que conseguimos restabelecer a confiança entre os dois países”, concluiu Marco Aurélio Garcia.
Fonte: www.inforel.org