Portas abertas para a história

Depois de longo período de decadência, Museu da Inconfidência é reformado. Visitantes podem voltar a passear pelos dramas e conquistas da Conjura Mineira


 


    Símbolo máximo da consciência libertária do povo mineiro, o Museu da Inconfidência foi devolvido ontem à população, depois de passar por ampla reforma museográfica que o torna, a partir de agora, a principal vitrine dos ideais libertários surgidos entre as montanhas de Minas Gerais. A Praça Tiradentes, um dos principais palcos de manifestações do estado, foi o cenário escolhido para a solenidade de reabertura da instituição, que contou com presenças ilustres, como o ministro da Cultura, Gilberto Gil, autoridades ligadas ao patrimônio histórico e cerca de 300 convidados da cidade.




    Não faltaram deferências aos inconfidentes, agradecimentos e até um ensaio de protesto organizado pela Associação Patrimonial de Ouro Preto, que reclamava da atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na cidade histórica. Mas nada que ofuscasse a força das palavras emocionadas do diretor do museu, Rui Mourão, que lembrou das dificuldades enfrentadas em mais de 30 anos no comando da instituição, até chegar ao estágio atual. “Esse é um momento de excepcional realização. Depois de uma fase inicial de brilho, o museu enfrentou período de decadência, o acervo sofria deterioração, parte estava amontoada e não havia quase nenhuma fidelidade ao tema da Inconfidência”, ressaltou.




    A situação atual nem de longe lembra os tempos nebulosos. Depois da ampla reforma da edificação e da criação de nova concepção museográfica, idealizada pelo francês Pierre Catel, a instituição está reaberta, agora com 17 salas temáticas voltadas para as causas e conseqüências da conjuração mineira. No primeiro piso, elas estão organizadas em torno do contexto social e econômico que favoreceu a conspiração e, no andar superior, foram idealizadas exposições voltadas para a importância e influência da Igreja Católica na atividade artística do período colonial. “É um museu muito importante, o primeiro criado fora dos grandes centros. É preciso renovar, mantê-lo de pé e dar condições de atualização. É uma satisfação grande estar aqui”, afirmou o ministro Gilberto Gil.



    Visivelmente emocionado, o ministro lembrou que é preciso aceitar o Museu da Inconfidência não como um mausoléu, mas como um panteão à liberdade e um sinal de alerta às gerações futuras: “Em alguns momentos, o poder público também pode cometer injustiças”. Na visão de Gil, a renovação ainda não está de todo concluída. “É preciso ainda restabelecer a ligação com a cidade. Também é de grande importância que este edifício seja transformado em símbolo de cultura e liberdade. A cidade de Ouro Preto está em festa. Reafirma o compromisso com a liberdade e os inconfidentes”, salientou.


 


Fonte: Portal UAI