Setor produtivo supera bancos e lucra 162% no governo Lula
Reportagem publicada na Folha de S.Paulo deste domingo (20/8) joga por terra a acusação – comum entre partidos oposicionistas, analistas econômicos e boa parte da imprensa – de que o setor financeiro foi o que mais lucrou sob o governo Lula.
Publicado 21/08/2006 10:00
Ao contrário, estudo encomendado à consultoria Economática mostra que as empresas do setor produtivo lucraram muito mais do que os bancos entre janeiro de 2003 e junho de 2006. Enquanto a lucratividade dos bancos subiu 80% no período, a dessas empresas aumentou 162,4%.
Diz a reportagem, assinada por Cláudia Trevisan: “O lucro líquido das grandes empresas com ações em Bolsa quase triplicou nos três anos e meio de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em relação ao período da segunda gestão de Fernando Henrique Cardoso, de 1999 a 2002”.
O texto informa que “diminuiu a fatia dos bancos e da Petrobras e aumentou a participação de empresas não-financeiras, como siderúrgicas, mineradoras e de papel e celulose”. O estudo foi feito com base nos balanços de 193 empresas abertas, que são contadas na Bolsa de Valores. Ficaram de fora o agronegócio e a indústria automobilística.
“A soma do lucro líquido das 193 empresas analisadas deu um salto de R$ 103,5 bilhões para R$ 271,6 bilhões entre o último mandato de FHC e a administração Lula. A diferença, de R$ 168,1 bilhões, representa aumento de 162,4%”, assinala o texto.
Real forte e aumento nas exportações
No cômputo geral de lucros, segundo a matéria, o setor produtivo respondeu por 64% da expansão, a Petrobras entrou com 21% e os bancos com apenas 15%.
Entre as empresas que mais ganharam estão as de siderurgia (441%), do setor químico (242%) e de papel e celulose (180%). “Com a alta da demanda chinesa por minério de ferro, as mineradoras também tiveram um bom período e lucraram 133% a mais na gestão do PT”, diz a matéria.
Na interpretação da Economática, entre os fatores que contribuíram para a mudança de cenário estão o aumento das exportações e a valorização do real frente ao dólar, que diminuiu o peso das dívidas das empresas em moeda norte-americana.
A consultoria também sustenta que o lucro dos bancos no período (R$ 57,6 bilhões) não tem origem na taxa de juros, mas no maior volume de empréstimos concedidos.
A democratização do crédito foi uma das principais ações do governo Lula para o reaquecimento da economia nacional. O governo Lula também teve papel preponderante no estímulo às exportações (com desoneração e abertura de novos mercados), o que permitiu às empresas aproveitaram melhor o que a Economática chama de “cenário externo favorável”.