Kabila, com 44%, é o fatorito no 2º turno congolês
Vai haver segundo turno para presidente na República Democrática do Congo, entre o favorito, presidente Joseph Kabila (44,5% dos votos), e seu rival, o ex-rebelde Jean-Pierre Bemba (20%). Três semanas depois do primeiro turno, em 30 de julho, a apuração a
Publicado 21/08/2006 02:06
Em terceiro lugar ficou Antoine Gizenga, um oposicionista de mais de 80 anos, que teve 13% dos votos. O segundo turno foi marcado, provisoriamente, para 29 de outubro.
Uma onda de esquerda no sul da África
Foi a primeira eleição pluripartidária no antigo Congo Belga e mais tarde Zaire, que viveu de 1965 a 1997 sob a ditadura sanguinária do general Mobutu Sese Seko. Esta foi derrubada por Laurent-Désiré Kabila, pai de Joseph e ex-companheiro de combates dos legendários Patrice Lumumba e Ernesto Che Guevara, nos anos 60.
Os governos dos Kabila, pai e filho, podem ser classificados como parte da onda de esquerda que predomina na parte sul da África. Tal como na América Latina, esta é contraditória, não consolidada e heterogênea, mas impossível de negar. Compreende, além do Congo Brazaville, regimes descendentes das guerrilhas anticoloniais e anti-racistas do século passado, em países como a África do Sul, Moçambique, Angola, Zimbábue e Azânia — quase toda a parte do continente do Rio Congo para baixo.
Após duas guerras, a 174ª renda per capita
O país, também conhecido como Congo Kinshassa (para diferenciar do outro Congo, com capital Brazaville), com 2,3 milhões de quilômetros quadrados, é o mais extenso da África Negra, e também um dos mais populosos — 60 milhões de habitantes conforme o censo de 2006. Mas a renda per capita, de US$ 774 por habitantes, é a 174ª entre os 192 países membros da ONU, apesar das riquezas naturais do país, um tradicional exportador de diamantes.
Os principais empobrecedores do país foram as duas Guerras do Congo, que se sucederam desde meados dos anos 1980, mesclando aspectos de guerra civil, conflito tribal e choques com os países vizinhos da fronteira leste. Calcula-se que 3,8 milhões de congoleses morreram vítimas dos combates, massacres e fomes que elas acarretaram. As eleições de julho fazem parte do esforço do país para superar esse capítulo.
Com agências