Governo Bush tenta manter programa ilegal de espionagem
O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Alberto Gonzales, anunciou esta sexta-feira (18/8) que a administração Bush fará “o possível” para manter o programa de espionagem interno que a juíza federal Anna Diggs Taylor, de Detroit, ordenou interromper d
Publicado 18/08/2006 14:42
Anna ordenou quinta-feira (17/8) a interrupção imediata do programa criado pela administração Bush sob a alegação de “combate ao terrorismo”. “Esse programa é inconstitucional porque viola os direitos à liberdade de expressão e à privacidade dos cidadãos”, afirmou a juíza.
No entanto, Gonzales declarou que o governo acha que o “programa é legal” e, portanto, “faremos todo o possível nos tribunais para permitir que ele continue”, declarou Gonzales.
Em entrevista coletiva após saber da decisão de Anna, Gonzales afirmou que a administração vê o programa como “muito efetivo” para “proteger os americanos”. “Discordamos respeitosamente da decisão da juíza e vamos apelar dela”, declarou o encarregado de Bush pelo Departamento de Justiça.
Espionar organizações civis
A decisão judicial aconteceu devido a uma denúncia apresentada pela União de Liberdades Civis dos EUA (ACLU, na sigla em inglês) contra o programa de escutas telefônicas e de espionagem de e-mails e mensagens escritas, concretizado pela administração de George W. Bush, após os ataques de 11 de setembro de 2001, atribuídos pela administração americana à suposta organização al-Qaida.
“O interesse público deste caso é evidente”, afirma a juíza em sua decisão. A ACLU havia denunciado o programa em representação de um grupo de jornalistas, advogados e professores, afirmando que o programa prejudicava o exercício de seus ofícios, pois seus contatos no exterior, como fontes ou testemunhas potenciais, poderiam mostrar-se receosos de compartilhar informações por telefone.
O Departamento de Justiça, em representação da Agência de Segurança Nacional (NSA) alega que a espionagem é totalmente legal, e constitui uma “peça-chave” na “luta” do governo contra o “terrorismo”.
A imprensa revelou o projeto ilegal no final de 2005. Somente em junho deste ano, quando o jornal “USA Today” revelou que a NSA havia espionado dezenas de milhões de chamadas telefônicas de pessoas e empresas nos EUA, é que o projeto causou rebuliço no país e na sua mídia. O programa criou uma enorme base de dados de milhões de cidadãos.