Acordo na Fiesp-Ciesp: Skaf deve ser candidato único em 2007
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) fechou um acordo para pacificar as suas hostes, informa o Valor Online, do jornal Valor Econômico. O atual presidente, Paulo Skaf, deve ser o candidato único à presidência tanto d
Publicado 18/08/2006 18:27
Para acomodar os interesses dos dois lados, Skaf reformulou o estatuto da Federação, ampliou o número de cargos de diretoria e também o mandato do próximo presidente, de três para quatro anos. Vice-presidentes, diretores-secretários, diretores financeiros e diretores de departamento somam agora 92 pessoas. Apenas os postos de vices foram ampliados de 15 para 21 cargos.
O racha de 2004
Graças ao acerto, Skaf deve ter uma vitória tranqüila, bem diferente da eleição de 2004, que provocou um racha inédito na história da representação industrial paulista. Na época, o seu concorrente, Cláudio Vaz, perdeu a votação para a poderosa Fiesp, mas terminou se elegendo para o Ciesp, entidade com orçamento e peso político bem menores, e em que o processo de votação é distinto. O processo terminou se politizando, com uma aliança tácita entre Skaf e o governo Lula, enquanto Vaz teve o apoio do tucanato e de personalidades como o megaindustrial Antonio Hermírio de Moraes.
Isto são águas passadas. A categoria patronal hoje se unifica maciçamente em torno da candidatura Geraldo Alckmin, sobretudo à medida que se chega à grande indústria. O que não a impede a Fiesp de ter interlocução e interlocutores com o governo federal.
Furlan ajudou a costurar
Segundo Raquel Landim e André Vieira, jornalistas do Valor, o acordo foi alinhavado por partidários de três lideranças empresariais paulistas: Skaf, Vaz e o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, um dos donos da Sadia e ex-vice-presidente da Fiesp na gestão de Horário Lafer Piva.
Conforme empresários ligados ao Ciesp, Furlan destacou o presidente da Agência de Promoção de Exportações (Apex), Juan Quirós, para ajudar nas negociações. Amigo pessoal do ministro e auxiliar de longa data, Quirós tem bom trânsito entre os empresários do interior paulista, onde o peso do Ciesp é maior e, por conseqüência, há maior resistência ao nome de Paulo Skaf.
O próprio Skaf não esconde o desejo de se reeleger na Fiesp e tentar comandar também o Ciesp. “Ele é candidato à reeleição e pretende trazer o Ciesp para perto”, diz o porta-voz da Fiesp, Ricardo Viveiros, encarregado por Skaf para falar sobre o processo eleitoral, citado pelo Valor.
O porta-voz explica que a probabilidade de Skaf sair candidato único é forte, sem concorrentes nem na Fiesp nem no Ciesp. “Esse é o sentimento dos corredores”, diz Viveiros. O titular do Ciesp, Cláudio Vaz, diz que ainda é cedo para discutir o assunto, mas considera improvável sua candidatura à reeleição. “Ainda não avaliei, mas é provável que não. Me afastei dos meus negócios e da minha empresa”, afirma.
Antes de se firmar o entendimento noticiado pelo Valor, Furlan chegou a ensaiar passos para se candidatar à Fiesp em 2007. Na época dessas articulações, surgiram uma série de rusgas entre a atual direção da entidade e o Ministério do Desenvolvimento. Skaf cobrava de Furlan uma postura rígida contra as importações chinesas, com a aplicação de salvaguardas, o que o deixava em uma saia justa com o Itamaraty, que vê a China como um parceiro estratégico. “Agora que o acordo foi alinhavado para garantir a eleição de Skaf, as cobranças pelas salvaguardas diminuíram”, informa o jornal.
Com informações do Valor Online