Eleições na América Latina: o que vem logo depois do Brasil?
O Brasil começa a acompanhar nesta terça-feira (15/8) o Horário Eleitoral Gratuito de rádio e televisão, meio pelo qual a população poderá escolher com mais facilidade quem será o seu próximo presidente. Até o final do ano, outros países da América Latina
Publicado 15/08/2006 15:05
São quatro os países que, assim como o Brasil, já estão em maior ou menor envolvimento com processos eleitorais. Equador, Nicarágua e Venezuela poderão ter novos presidentes, enquanto o Panamá passará por um referendo nacional.
Equador: à procura de estabilidade
Data da eleição: 15 de outubro.
O que está em jogo: O mandato presidencial de 2007 a 2011.
O que dizem as pesquisas: Favoritismo de Léon Roldós, com 23% dos votos.
Nove candidatos apresentaram até o último dia 12 de agosto suas inscrições para as eleições que definirão o oitavo governante do Equador nos últimos nove anos. A Corte Suprema Eleitoral do país avalia nesta semana todos os pedidos para verificar se os postulantes ao cargo não apresentam nenhum empecilho legal.
Esse recente histórico se reflete na confiança da população em seus políticos. Segundo o Instituto Gallup, apenas 7% da população confia em seus deputados, enquanto 3% depositam alguma credibilidade nos partidos políticos equatorianos. Para as pesquisas presidenciais, cerca de 50% dos eleitores ainda estão indecisos.
Além de Roldós (da Aliança Rede Ética, de passado esquerdista), outros dois candidatos aparecem com chances de passar ao segundo turno: Cinthya Viteri, do Partido Social Cristão (conservador), com 16% das intenções de voto, e Rafael Correa, do Movimento Aliança pelo País (dono de discurso progressista, de soberania e integração latino-americana), com 11%.
Panamá: terceira eclusa do Canal em discussão
Data da eleição: 22 de outubro.
O que está em jogo: A ampliação do Canal do Panamá.
O que dizem as pesquisas: Favoritismo da proposta que prevê a ampliação, com 70% dos votos.
Em 22 de outubro, pouco mais de dois milhões de panamenhos responderão à seguinte pergunta: ''Você aprova a proposta de construção do terceiro jogo de eclusas no Canal do Panamá?''. A resposta deverá ser simplesmente ''sim'' ou ''não''.
Várias organizações e partidos políticos já se inscreveram no Tribunal Eleitoral do país para apoiar ou rechaçar o referendo, para o qual o governo panamenho dá total respaldo. A previsão inicial da obra, caso a população decida pela ampliação do Canal, estima que serão necessários sete anos e cerca de US$ 5,25 bilhões para finalizá-la.
Os partidos e organizações que se manifestam contra à ampliação do Canal dizem que o governo deveria investir em políticas sociais e de desenvolvimento. Argumentam também que não há uma base financeira sólida para bancar uma obra desse porte no país.
Por sua vez, o governo tem argumentado que a obra trará a longo prazo desenvolvimento para o Panamá e que seus gastos virão a partir dos impostos cobrados das embarcações que utilizam o Canal. Além disso, o governo informa também que a ampliação não afetaria o meio ambiente.
Nicarágua: indefinição absoluta
Data da eleição: 5 de novembro.
O que está em jogo: O mandato presidencial de 2007 a 2012.
O que dizem as pesquisas: Favoritismo de Daniel Ortega, com 31% dos votos.
O maior país da América Central é também o segundo mais pobre de toda a América. Existe a previsão de que as eleições serão tu multuadas, em virtude, principalmente, do conflito de poderes entre o sistema político institucional e o envolvimento partidário de alguns órgãos eleitorais.
Devido a esse cenário, mais de cem observadores internacionais acompanharão de perto o processo eleitoral. Enquanto tais detalhes são acertados, o candidato da Frente Sandinista, Daniel Ortega, segue à frente das pesquisas, mas com um percentual que não permite que a eleição se encerre no primeiro turno.
De acordo com o Instituto Borges y Associados, na segunda colocação aparece o candidato da Aliança Liberal Nicaragüense, Eduardo Montealegre, com 29,1% dos votos. Na terceira posição, surge o ex-líder das intenções de voto no país, José Rizo, do Partido Liberal Constitucionalista, com 15,7%. Em quarto lugar, quase empatado com Rizo, está Edmundo Jarquín, do Movimento Renovador Sandinista, que a princípios de julho substituiu o falecido Herty Lewites na corrida presidencial, com 15,2%. Ainda há 7,6% de indecisos no país segundo a pesquisa.
Apesar da boa vantagem de Ortega, num eventual segundo turno o quadro se inverte na Nicarágua, de acordo com o levantamento realizado.
Quase 44% dos eleitores dizem preferir Montealegre, político de vertente conservadora, enquanto 33% optam por Ortega. Trocando em miúdos: num possível segundo turno, a direita do país se une contra o candidato sandinista.
Venezuela: Chávez praticamente reeleito
Data da eleição: 3 de dezembro.
O que está em jogo: O mandato presidencial de 2007 a 2013.
O que dizem as pesquisas: Favoritismo de Hugo Chávez, com 60% dos votos.
Apenas um desastre impedirá que Hugo Chávez conquiste seu terceiro mandato como presidente da Venezuela. A oposição no país está desarticulada, apesar do descontentamento das forças conservadoras do país em relação ao atual governo.
Enquanto Chávez se fortalece no país e consolida sua imagem de líder regional, a oposição optou por tentar unir suas forças em torno de um só nome: o governador do estado de Zulia, Manuel Rosales, social-democrata declarado.
Apesar da união da direita, Rosales aparece com menos de 10% dos votos nas últimas pesquisas de opinião, enquanto outros candidatos não chegam a 2%.