Uma curiosa aritmética na rodada do JN com os presidenciáveis
Por Bernardo Joffily*
Muito já se falou e se vai falar sobre a rodada de entrevistas que o Jornal Nacional da Globo fez, nesta semana, com os quatro candidatos à Presidência melhor situados nas pesquisas. Afora as perguntas e respostas, o conteúdo, e a
Publicado 11/08/2006 17:50
Não será talvez o mais crucial dos cálculos. Mas chama atenção, em uma seqüência em que os entrevistadores globais se esmeraram no formato igualitário, a começar pelo tempo de duração e indo até o detalhe de chamar o pretendente à reeleição de “candidato” mas não de “presidente”.
William Bonner ocupou 29,2% da entrevista e Fátima Bernardes 11,9%. deixando 58,9% para o entrevistado. E o padrão destoou dos outros capítulos da rodada. Há quem tenha visto numa tamanha desproporção o desejo de acossar o presidente Lula.
Os professores de jornalismo, e até os alunos, dirão que pelo contrário: a primeira regra do entrevistador é fazer perguntas curtas, sem prolegômenos nem rodeios, simples e diretas, onde o ponto de interrogação não deixa espaço se não para a resposta também direta. Dirão também que William e Fátima se mostraram nervosos, quem sabe intimidados pelo cargo ou a biografia do entrevistado. São argumentos respeitáveis, que contudo não eliminam o fato da desproporção nem a hipótese da intenção encurraladora.