Lula diz que a oposição não sabe conciliar razão e coração

Atualizada às 21h30


 


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, num comício realizado na Largo de São Mateus,  zona Leste de São Paulo, que a oposição ''está babando de raiva'' por ver que ele já fez muito pel

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (5), durante comício em São Paulo, que governar bem significa usar a razão e o coração. “Esses que me atacam devem ter estudado mais do que um metalúrgico. Mas o que eles não sabem é que, para governar bem, é necessário usar não só a cabeça, mas também o coração”, afirmou Lula, provocando o entusiasmo das cerca de sete mil pessoas que lotaram a praça do Largo de São Matheus, zona leste da capital paulista. O local tem grande valor simbólico para Lula, que nele realizou o seu primeiro comício político-partidário, em 82, quando foi candidato ao governo paulista.


 


O presidente abriu o pronunciamento assegurando: “Posso olhar para cada um de vocês sabendo que não fiz tudo o que queria, mas certamente fazendo muito mais do que se esperava. Quatro anos de trabalho é pouco tempo. Mas o Brasil mudou mais nesse período do que nos últimos dez, 40 ou 50 anos”. Segundo Lula, é exatamente por isso que ele tem sofrido tantos ataques da oposição. “Eles pensavam que o meu governo seria um desastre e quebraram a cara. Eles também sabem que estamos só começando o nosso trabalho. Que o Brasil vai avançar ainda mais. Por isso, estão tão nervosos”.


 


''Vocês viram que em nenhum momento eu fiquei nervoso, em nenhum momento eu citei o nome de nenhum deles. E não vou citar. Vou fazer uma campanha sem citar nome dos meus agressores.'', afirmou Lula.


 


Segundo ele, a resposta virá na votação. ''Eles estão morrendo de medo da gente ganhar novamente. Eles estão babando de raiva (…) No Estado daquele que me agredir é que vou ter mais votos. Vocês verão a quantidade de votos que terei na Bahia, no Amazonas e em Santa Catarina. Quanto mais eles baterem, mais eu vou na terra deles buscar votos”, discursou Lula.


 


Para Lula, os seus adversários só enxergam os pobres em época de eleição. ''Falaram em acabar com o PT, que iriam acabar com esta raça (se referindo à frase do senador Jorge Bornhausen de que a aliança do PSDB-PFL acabaria com a raça do PT), mas eles só se lembram dos pobres e do povo em época de eleição'', afirmou o presidente.


Lula citou os últimos 12 anos de governo tucano em São Paulo como exemplo de falta de compromisso com os mais carentes. “Se São Paulo tivesse investido no social como o seu orçamento certamente permite, hoje seria um orgulho nacional em termos de distribuição de renda e de avanço social. Mas não é isso o que vemos”. 


 


Lula, no entanto, pediu parceria entre os governos federal e estadual, e prometeu atenção especial para a educação. ''O que nós precisamos é cuidar para que nenhuma criança saia da sala de aula sem ter aprendido o que o professor falou'', disse o presidente-candidato, após exaltar a criação dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) na gestão de Marta Suplicy.


 


Lula passou a citar então os vários programas sociais criados ou ampliados por seu governo, entre os quais o de distribuição de leite, o de apoio à agricultura familiar, o Luz para Todos e o Bolsa Família, que já beneficia 1,1 milhão de famílias paulistas. O presidente citou também os avanços salariais e o aumento do poder de compra da população.


 


A educação também ocupou boa parte do pronunciamento. Lula fez um balanço de sua gestão nessa área, destacando que, ao criar dez universidades federais, igualou o recorde de Juscelino Kubitschek e que o ProUni já beneficiou 40 mil jovens de baixa renda de São Paulo com bolsas de estudo em universidades particulares.


 


Em seguida, ele falou sobre os projetos para um segundo mandato, entre os quais o Fundeb, que vai aumentar em dez vezes os investimentos federais na educação, e a criação de um programa de reforço escolar para as crianças de escolas públicas. “As crianças de famílias pobres têm que ter um ensino tão bom quanto as crianças de famílias ricas”, disse Lula, citando os Centros Educacionais Unificados (CEU), criados pela ex-prefeita Marta Suplicy, como exemplo desse tratamento equânime.   


 


Antecedendo o pronunciamento de Lula, o senador Aloizio Mercadante voltou a manifestar a sua confiança em vencer a eleição para o governo de São Paulo. Para ele, a população vai cobrar de seu adversário, José Serra, o abandono da Prefeitura de São Paulo. “Meu adversário não cumpre a palavra, não respeita o que ele próprio assina e a resposta da população vai aparecer nas urnas”, disse o senador, referindo-se ao fato de Serra ter assinado em cartório o compromisso de concluir o seu mandato.


 


Mercadante também criticou o descaso com que o governo de São Paulo tem tratado a área social, citando o sucateamento dos serviços de saúde, o descalabro administrativo da Febem e as deficiências da área educacional. A mesma incompetência estaria presente na condução econômica do Estado, afirmou Mercadante, para quem é inadmissível São Paulo ter crescido menos que a média nacional nos últimos doze anos.


 


A crise da segurança pública paulista também foi abordada por Mercadante, que criticou duramente a forma como o governo paulista vem tratando a questão ao longo dos anos. Mas, para ele, isso não chega a ser novidade, já que os governos tucanos não se notabilizariam pelo combate à criminalidade e à corrupção. “Basta recordar que, no governo de Fernando Henrique, a Polícia Federal efetuou 54 prisões. Já no governo Lula, a PF prendeu 2.961 pessoas”.


 


A ex-prefeita Marta Suplicy, o senador e candidato à reeleição Eduardo Suplicy, o presidente nacional do PT e coordenador da campanha de Lula, Ricardo Berzoini, e o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, foram os outros oradores do ato realizado na Praça São Matheus, que contou ainda com a presença da candidata a vice na chapa de Mercadante, Nádia Campeão (PCdoB), dirigentes dos partidos que apóiam Lula e candidatos a deputado estadual e federal.


 


Berzoini destacou a disposição de Lula em promover uma reforma política, seja através de emendas à Constituição ou da convocação de uma Assembléia Constituinte com esse fim exclusivo, e criticou os que se opõem à idéia. “São aqueles que, ao invés de lutar para moralizar a política, querem se aproveitar das crises”.


 


Já Rebelo lembrou que, a exemplo de Lula, todos os presidentes que governaram para o povo, como Getúlio Vargas, JK e João Goulart, sofreram ataques e perseguições.  “Mas não temos ódio nem ressentimento. O Brasil é maior que isso. O Brasil precisa é avançar. E é isso o que está acontecendo”.


 


Da zona leste, Lula seguiu para outro evento na cidade de Campinas.