Balanço: CSC acumula vitórias e ingressa em nova fase
O sindicalismo no Brasil assiste, neste ano de 2006, à ascensão da CSC (Corrente Sindical Classista). Em reunião realizada nesta semana, a coordenação executiva da entidade concluiu que os classistas estão ingressando numa nova e promissora fase de sua
Publicado 05/08/2006 20:49
As lideranças da Corrente foram unânimes em avaliar como positivo o resultado das negociações com a Articulação Sindical, que pôs fim ao impasse na central ao garantir a vice-presidência e ampliar a democracia e o espaço classista na direção nacional da CUT. Foi feita também uma avaliação autocrítica em relação à primeira fase do 9º Concut, quando foram realizados os congressos estaduais e os dirigentes classistas subestimaram a luta política interna na central – um dos fatores que conduziram à derrota na Bahia.
Em contrapartida, na plenária final do congresso, a CSC acertou ao construir uma chapa própria, afirmando sua autonomia e fisionomia própria e consolidando a posição de segunda maior força dentro da Central, com 20% dos delegados (num crescimento notável em relação ao 8º Concut, quando respondia por 14%).
Mais significativas para as perspectivas da CSC e sintomáticas de uma nova fase foram as vitórias acumuladas na base em recentes eleições sindicais (têxteis de Blumenau, metalúrgicos de Volta Redonda, Contee, Federação Nacional dos Correios e Federação Única dos Petroleiros). Tudo isto sinaliza que o sindicalismo classista está se transformando num pólo progressista do movimento sindical brasileiro.
Novos rumos
Outras batalhas sindicais se impõem à CSC – e também demandam o apoio e a ativa solidariedade das lideranças classistas nos estados. Trata-se dos pleitos para a renovação do Sintergia (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro e Região) e Sintsama (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Básico e Meio Ambiente do Rio de Janeiro e Região).
Os pleitos ocorrerão em setembro no Rio de Janeiro. Nos dois casos, são grandes as possibilidades de êxito da CSC. Na disputa pelo Sintergia, os classistas já obtiveram uma significativa vitória, que foi a conquista da maioria da comissão eleitoral na assembléia da categoria ocorrida dia 31 de julho.
Já a estratégia na CUT, conforme os dirigentes da CSC, deve ter por objetivo as bandeiras levantadas no 9º Concut, que compreendem a luta por uma CUT plural e democrática, autônoma em relação a governos e partidos políticos. A central deve ainda ser combativa na defesa dos interesses maiores da classe trabalhadora, em contraposição à ofensiva neoliberal. Essa luta exige maior politização e conscientização das bases – e mesmo das lideranças sindicais.
O Vermelho reconstitui, abaixo, as principais conquistas da CSC em 2006:
9/junho – 9º Congresso Nacional da CUT (Concut)
Três anos após conquistar 14% dos delgados no 8º Concut, a CSC salta para 20% de representatividade no 9º Congresso. O encontro, realizado em São Paulo, atrai 2.491 delegados e é o maior da história da central. Com isso, a Corrente se consolida como segunda maior tendência cutista, atrás somente da Articulação Sindical (ArtSind).
Nas eleições para a Executiva Nacional da CUT, os classistas ousam sair em chapa própria, desafiando o hegemonismo da Articulação. A chapa recebe o apoio de tendências ligadas ao PT – O Trabalho, Articulação de Esquerda e Tendência Marxista -, além de dissidentes da Articulção.
3/julho – Eleição no Sintrafite (Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias Têxteis de Blumenau e Região)
A tecelã Vivian Kreutzfeld Bertoldi, da CSC, elege-se presidente do maior sindicato de trabalhadores têxteis do Brasil. Sua chapa conquista 53 % dos votos, enquanto a chapa apoiada pela CUT-SC não passa dos 21,5 %. É a primeira vez que uma mulher assume a presidência da entidade. Márcio Lueders, outro membro da CSC, torna-se secretário-geral.
O Sintrafite é um dos maiores sindicatos da América Latina. Conta com 22 mil sócios de uma base de 35 mil trabalhadores. Cerca de 70% da categoria é feminina. A base é formada por funcionários de Teka, Sul Frabil, Hering, Artex e Coteminas, entre outras empresas conhecidas no Brasil.
14/julho – Eleição no Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda e Região
Num dos maiores feitos de sua história, a CSC confirma o favoritismo e venceu o pleito. Dos votos apurados, 37,31% vão para a Chapa 3, encabeçada pela CSC. O cipista Renato Soares, classista da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), tornou-se o novo presidente do sindicato, com mandato de quatro anos.
A Chapa 2, da Força Sindical, conquistou a votação de 28,56% do eleitorado, logo à frente da Chapa 1 (28,34%), que foi liderada pela Articulação Sindical e apoiada pela CUT-RJ. O sindicato tem base com mais de 40 mil trabalhadores. Sua representatividade se espalha por Volta Redonda, Barra Mansa, Resende, Quatis, Itatiaia, Porto Real e Pinheiral.
28/julho – Nova diretoria da CUT
Após longo impasse entre a CSC e a Articulação Sindical, os classistas obtêm o direito de continuar na vice-presidência da CUT, através do metroviário de Wagner Gomes. Na nova direção executiva da central, a Corrente passa de quatro para cinco membros efetivos, além de uma suplência, na executiva nacional.
Mais do que se manter na vice-presidência e na Secretaria de Políticas Sociais, a CSC terá participação compartilhada na Secretaria de Relações Internacionais da CUT. De forma inédita, ganhará espaço no Conselho Fiscal, com um membro efetivo e um suplente. Deve, também, indicar um nome para o futuro Conselho Nacional de Relações do Trabalho – a CUT terá direito a duas vagas.
29/julho – Eleição na Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino)
A Chapa 1, lançada pela Corrente e encabeçada pela professora Madalena Guasco Peixoto, vence o pleito para a diretoria da entidade, em seu 6º Congresso. Na disputa, a Corrente tem o apoio da tendência O Trabalho, de setores do PSOL e de independentes.
Cerca de 45% dos delegados do congresso são classistas – no encontro anterior, em 2003, esse número era de 39%. Assim, a CSC se consolida como a maior força da Contee, ampliando de quatro para cinco o número de membros na executiva nacional. Também há aumento no número de integrantes seus na diretoria plena.
30/julho – Eleição na FUP (Federação Única dos Petroleiros)
Em São Paulo, a CSC confirma a boa fase, durante o 7º Congresso Nacional da FUP. Com 13% dos delgados do encontro, os classistas aumentaram a representação na direção da FUP, inclusive em sua executiva, saindo de dois para três de um total de 15 dirigentes. Na composição plena, a CSC participa agora com sete diretores petroleiros.
Da Redação, com CSC