Em protesto, trabalhadores rurais ''enterram'' o agronegócio

Para lembrar do Dia do Trabalhador Rural, comemorado nesta terça-feira (25/7), integrantes do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo e da Pastoral da Juventude Rural fazem uma manifestação na Esplanada dos Ministérios.

Eles promoveram o enterro simbólico do agronegócio e, em seguida, puseram fogo ao caixão. Segundo a Polícia Militar e os organizadores, cerca de 2 mil pessoas participam do ato. No início da tarde, os manifestantes ocuparam duas das seis faixas da Esplanada.


 


Os coordenadores da pastoral se dirigem ao Palácio do Planalto, onde pretendem se encontrar com o secretário Nacional de Juventude, Beto Cury. Eles querem entregar uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual pedem mudanças na política econômica e no modelo agropecuário, prioridade de investimentos na geração de emprego e distribuição de renda, e fortalecimento do mercado interno.


 


''O modelo agropecuário centrado no agronegócio tem penalizado a população rural, especialmente a juventude. Os jovens representam 30% da população rural e são os maiores prejudicados pelo desemprego e pela ausência de políticas públicas nas áreas de crédito, assistência técnica, educação, saúde, cultura, esporte e lazer'', diz um trecho da carta.


 


40 propostas
Termina também nesta terça-feira (25), em Brasília, o Encontro Nacional dos Povos do Campo. Desde o último domingo (23), representantes dos trabalhadores rurais que vivem da agricultura familiar em todo o país debateram questões para fortalecer o setor.


 


Das discussões, foi elaborado um documento com mais de 40 propostas para melhoria das condições de vida dos pequenos agricultores brasileiros, que correspondem a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário. O documento será homologado em assembléia.


 


As principais críticas levantadas pelos trabalhadores se referiram ao agronegócio. ''Ele perpetua a dominação econômica e política, reproduz a desigualdade social e promove a destruição ambiental'', diz o documento.


 


Para o coordenador da organização Terra de Direitos, Darci Figo, o governo deve priorizar a agricultura familiar, que, de acordo com ele, é responsável por 85% dos empregos no campo e produz metade de todos os alimentos do país. ''A denúncia principal que está se fazendo para alertar os governantes é que o agronegócio hoje destrói o meio ambiente. Ele que é responsável pela invasão e pelo desmatamento da Amazônia, que se utiliza de violência para se expandir''.


 


Entre as principais reivindicações estão a mudança da política econômica para dobrar o valor dos investimentos no campo; garantias de previdência pública universal e solidária; revisão dos projetos siderúrgicos e de usinas hidrelétricas na Amazônia; e a proibição de financiamento público para a implementação de indústrias de celulose no país.