Ministra defende adoção de cotas raciais contra ''apartheid''
''O Brasil nesses 500 anos foi de uma crueldade nojenta com os negros”, afirmou Frei David Raimundo dos Santos, coordenador da organização não-governamental Educafro – Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes. Ele participou na noite de quar
Publicado 13/07/2006 09:39
O professor de Ciência Política Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília, apontou “as cotas sociais como mais justas e universais”. Diretamente de Salvador, onde participa da 2ª Conferência Internacional de Intelectuais da África e da Diáspora, a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, explicou que não há contradição entre investir no ensino básico e aplicar as cotas, de modo simultâneo: “Essas ações afirmativas [as cotas] são um passo para acabar com esse apartheid que se formou no nosso país”.
No estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro, a professora Yvonne Maggie de Leers, do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, afirmou que “legislar em favor da raça é um erro, já detectado por vários países”. Lembrou que não nega a existência do racismo no Brasil, mas disse ser contrária à implantação da política pública de cotas.
Além do Frei David, a favor da reserva de vagas para negros em universidades, mercado de trabalho e na própria sociedade, declarou-se o assessor da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Ivair Augusto Alves, que participou do debate no estúdio da TV Nacional, em Brasília. Ele disse acreditar que ''a política de cotas deu esperança à juventude negra brasileira''.
Há mais de dez anos tramita no Congresso Nacional o Estatuto da Igualdade Racial, proposto pelo senador Paulo Paim (PT-RS). O documento prevê políticas públicas para dar mais espaço aos negros, por parte do governo, empresas e sociedade. No dia 29 de junho, um manifesto contra as cotas, assinado por mais de 300 pessoas – entre artistas, intelectuais e especialistas – foi entregue aos presidentes da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).