Colapso da segurança deixa SP sem ônibus e “nas mãos do PCC”

A cidade de São Paulo amanheceu sem ônibus nesta quinta-feira (13), após uma noite com pelo menos 36 ataques atribuidos ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Os alvos foram ônibus, agências bancárias, prédios públicos e até uma ambulância, na capital paul

Na capital, 14 das 16 viações não puseram os coletivos nas ruas, provocando transtornos para mais de 3 milhões de usuários. O rodízio de veículos foi suspenso em São Paulo, provocando excesso de veículos nas ruas e congestionamento na cidade. Pela manhã o SPTrans não tinha sequer um balanço de quantos ônibus estavam circulando. Os terminais de ônibus ficaram superlotados, enquanto vans e microônibus superlotados tentavam atender à demanda de passageiros.


 


“Nas mãos do PCC”


 


“É uma vergonha o governo deixar a cidade na mão do PCC”, disse Márcia Maria da Silva, de 32 anos, operadora de caixa, que esperou por duas horas no terminal de ônibus da Lapa, zona oeste da cidade. Ela pediu que alguém da família fosse buscá-la de carro. No Largo Treze, região de Santo Amaro, os usuários promoveram um tumulto. O terminal Santo Amaro, ao lado, estava fechado.


 


Os usuários do transporte coletivo municipal enfrentavam dificuldades e muitas filas para se locomover. Apenas duas empresas cobriam precariamente a zona oeste, a Oaktree e Gato Preto, e uma na zona leste, a Viação Himalaia, estão atendendo precariamente à população. Segundo o SPTrans, nas outras regiões as lotações e microônibus estão cobrindo o sistema de transportes na capital.


 


Madrugada de novos ataques


 


Os ataques desta madrugada não se concentraram em agentes de segurança, mas em alvos civis, como ônibus, bancos, postos de gasolina. Até uma ambulância foi queimada. Atraída por uma chamada falsa, o veículo foi até a Estrada do Pedregulho, na Vila Esperança, em Santana do Parnaíba (Grande São Paulo). Ali, o veículo foi cercado por três homens, que obrigaram o motorista a descer e atearam fogo ao veículo.


 


Os ataques incendiários contra ônibus feriram quatro mulheres e um menino de dois anos, em São Vicente (litoral) e na Vila Madalena (zona oeste de São Paulo).


 


O caso mais grave ocorreu em São Vicente, por volta de 21h de ontem. A cobradora, de 34 anos, e dois passageiros –uma fotógrafa de 24 anos e um menino de dois– sofreram queimaduras antes de saírem do ônibus em chamas. Na Vila Madalena, três homens entraram como passageiros em um ônibus, jogaram um líquido inflamável no piso e ateram fogo. Duas mulheres, de 39 e 27 anos, sofreram queimaduras leves e o atentado gerou pânico no local.


 


Com as novas ações, já passa de cem o número de ataques contra forças de segurança, ônibus e prédios públicos e particulares registrados em mais de 20 cidades do Estado de São Paulo, desde a noite da última terça.


 


A ação da polícia


 


O morto desta madrugada foi baleado, segundo a Polícia Militar, num confronto depois que bandidos jogaram uma uma granada contra uma viatura, na região do Pirajuçara, zona oeste da capital. Não foi informado se a granada explodiu. Em Vila Formosa, na zona leste da cidade, 4 homens foram detidos pela PM. Segundo a polícia, o grupo portava armas e coletes à prova de balas e se preparava para mais um ataque.


 


Informou-se também que o guarda municipal Elias Pinheiros, que patrulhava as ruas da capital paulista, foi assassinado com um tiro na cabeça. Ele teria sido a sétima vítima fatal da nova onda de ataques.


 


O último balanço divulgado pela Secretaria da Segurança — às 22 horas de quarta-feira —  registrava seis pessoas mortas na atual onda de atentados: um policial militar, sua irmã, três vigilantes particulares e um guarda municipal. A polícia deteve sete pessoas que acusou de participar das ações criminosas, entre eles dois adolescentes. Um dos presos, Emivaldo Silva Santos, 30, o BH, é apontado como o “general” do PCC no ABC Paulista. Ele foi preso horas antes do início dos ataques, na rodovia Imigrantes, em uma operação conjunta das polícias Civil e Militar.


 


Maio se repete


 


A onda de atentados do PCC sucede-se a outra, mais mortífera, entre 12 e 19 de maio. Essa primeira ofensiva incluiu 299 ataques e conjugou-se com rebeliões sincronizadas em 82 unidades do sistema penitenciário paulista. As mortes de oliciais e agentes penitenciários somaram 34.


 


Desde a primeira ofensiva o governo federal vem oferecendo reiteradamente ajuda às autoridades paulistas para debelar a crise no sistema de segurança. No entanto, o governador Cláudio Lembo (que assumiu com a desincompatibilização do ex-governador Geraldo Alckmin para se candidatar à Presidência pelo PSDB-PFL) até ontem recusou a oferta.


 


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a oferecer, na manhã desta quarta-feira, ajuda federal ao governo paulista para conter a onda de violência. “Agora, se São Paulo continua achando que a situação está normal e pode tomar conta sem ajuda, o governo federal não pode fazer nada”, agregou Lula, inconformado com a recusa do governo Cláudio Lembo.


 


Com agências