Fim de jogo, atenções se voltam para campanha eleitoral
A semana em Brasília começa marcada pelo fim da participação do Brasil na Copa do Mundo e início da campanha eleitoral. As candidaturas devem ser registradas nos tribunal eleitorais até a quarta-feira (5) e na quinta-feira
Publicado 03/07/2006 18:17
O momento atual das campanhas presidenciáveis é de definição das agendas dos comícios e como compartilhar os palanques regionais com aliados.
Para o presidente Lula, uma das prioridades agora é conquistar a classe média. Uma das análises sobre o resultado das últimas pesquisas sugere que uma parcela da população ainda não se sente representada pelo discurso de Lula ou do candidato tucano, Geraldo Alckmin. Nessa faixa, estaria a classe média brasileira. "O presidente será aconselhado a ampliar seu discurso para trazer o voto desses eleitores", afirmou uma fonte do Planalto em entrevista à Agência Estado.
Essa avaliação considera que o discurso de Lula está muito direcionado aos mais pobres e aos nordestinos. O de Alckmin, por sua vez, reflete o pensamento de intelectuais, de parcela do empresariado e das classes A e B.
A recomendação a Lula será a de modificar o discurso, sem abandonar os mais pobres, baseado na conta que fazem de que Lula tem 30% de votos fiéis, tradicionais; e Alckmin, esses 30% que alcançou agora. A disputa, portanto, seria na faixa da classe média brasileira, principalmente localizada na região Centro-Oeste e nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo.
A melhora de Alckmin nas pesquisas eleitorais – alcançando cerca de 30% das intenções de votos – não surpreendeu ao governo. "Todos nós sabíamos que ele tem esses 30%", comentou um assessor.
Piloto automático
A agenda de governo, a partir de agora, entra "no piloto automático", como definiu um dos assessores. Lula exibirá sua face candidato com mais liberdade porque a partir de quinta-feira tem início a campanha eleitoral, mas com as amarras da legislação eleitoral por exercer a presidência. Ele está proibido, por exemplo, de fazer publicidade de seu governo na TV com a marca "Brasil de Todos".
A marca do governo, no entanto, pode ser divulgada pelos ministros. A estratégia é criar condições para que cada ministro apresente as realizações do governo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira (3), para falar sobre o avanço dos investimentos no País, desmentindo as criticas de que houve negligência nesse setor.
Romper a paralisia
No Congresso Nacional, os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), querem definir, nesta terça-feira (4), em reunião com os líderes, o esforço concentrado para votações nas duas semanas que antecede o recesso parlamentar, que começa dia 17 de julho.
Também está marcado para esta terça, a sessão conjunta do Congresso para votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que define os parâmetros para a elaboração do Orçamento da União para o próximo ano.
No senado, a prioridade é a aprovação da proposta de criação do Fundo de Educação Básica (Fundeb). Na Câmara, existe uma disputa entre governo e oposição na votação da Medida Provisória que aumenta em 5% os benefícios do INSS. Os governistas têm obstruído as votações para evitar uma derrota, já que a oposição insiste em aumentar o índice de reajuste para 16,6%.
No Senado, deverá ser votada a MP que aumentou o salário mínimo de R$300 para R$ 350 com a emenda feita pelos deputados reajustando as aposentadorias no mesmo índice, 16,6%.
A quarta-feira é o ultimo dia para a apresentação do requerimento de registro de candidatura aos cargos de presidente e vice-presidente da República no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os candidatos a governador, vice-governador, senador e deputado federal também devem apresentar requerimento ao TSE. Os candidatos a deputado estadual ou distrital devem apresentar os registros de suas candidaturas aos tribunais regionais eleitorais.
CPI dos Sanguessugas
A CPI dos Sanguessugas, criada para investigar denúncias de desvio de recursos do Orçamento da União para a compra de ambulâncias com preços superfaturados, marcou os primeiros dois depoimentos para esta terça-feira. Serão ouvidos, na condição de convidados, o procurador da República de Mato Grosso, Tardelli Boaventura e o delegado de polícia daquele Estado, Mário Lúcio Avelar, que deram início às investigações sobre o esquema de fraude.
Com agências