Vítimas de tortura têm vergonha de denunciar, diz ativista
A coordenadora do Movimento Nacional de Combate à Tortura, Roseana Queiroz, afirmou nesta segunda-feira (26), que a maioria das vítimas não tem coragem de apresentar denúncia às autoridades. "Elas têm vergonha, medo.
Publicado 27/06/2006 11:25
Ela participou da cerimônia de criação do Comitê de Nacional para Prevenção de Controle da Tortura no Brasil e da assinatura do protocolo de intenções entre a Secretaria Especial de Direitos Humanos e o Conselho Nacional dos Procuradores Gerais do Ministério Público dos Estados e da União. O protocolo visa permitir a implementação de ações previstas no Plano de Ações Integradas de Combate e Controle da Tortura.
Avanços
A partir de agora, todo cidadão brasileiro poderá reportar casos de tortura diretamente às Nações Unidas. O país apresentou, também nesta segunda-feira, a declaração opcional da Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas e Degradantes, que permite a qualquer indivíduo entrar em contato com o Comitê contra a Tortura da ONU. O comitê fiscaliza as regras da convenção. Antes, apenas organizações ou outros países membros podiam contatá-lo.
O comitê da ONU poderá analisar casos brasileiros como prevê a legislação, ou seja, caso o denunciante não esteja sob investigação de outra instância internacional e caso tenham se esgotado todos os recursos jurídicos do país para a denúncia. Essa última regra não se aplica a recursos que prolonguem "injustificadamente" a situação. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a medida reforça o reconhecimento do Brasil pela legitimidade e preocupação internacional com os direitos humanos.
A segunda-feira, 26 de junho, Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura, foi marcado por outras iniciativas do governo brasileiro. No Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto que cria o Comitê Nacional para Prevenção e Controle da Tortura no Brasil, composto por representantes do governo e da sociedade civil e presidido pelo ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), Paulo Vannuchi.
O ministro afirmou que o comitê vai levantar "todos os casos de tortura denunciados nos estados", além de fazer visitas de surpresa nesses locais. Também vai propor políticas de prevenção.