UNE apresenta emendas ao projeto de reforma universitária

Após reunião de diretoria, em Brasília, na semana passada, entidade formula propostas a serem incorporadas ao projeto de lei 7.200, que trata da reforna no ensino superior.

Os diretores da União Nacional dos Estudantes (UNE) promoveram na semana passada, em Brasília, amplo debate para analisar a atual versão do projeto de lei (PL) 7.200, que trata da reforma universitária. O projeto foi enviado pelo presidente Lula ao Congresso Nacional em 8 de junho e, após pedido da UNE, ganhou caráter de "urgência constitucional".

Agora, uma Comissão Especial na Câmara — que irá concentrar os trabalhos das outras cinco comissões pelas quais o projeto precisaria passar sem a urgência — terá 45 dias para apreciar e enviar a proposta para votação no plenário. Caso contrário, a reforma trancará a pauta dos deputados. Já está constituída também a Comissão Especial da Reforma Universitária, composta por parlamentares indicados pelos líderes de suas bancadas.

Com o trâmite do projeto acelerado, a UNE concentrou esforços para garantir a apresentação de emendas da entidade. Na quarta-feira (21), depois da reunião da diretoria, os estudantes se dirigiram à Câmara dos Deputados e promoveram intensa mobilização nos gabinetes dos parlamentares — um  corpo-a-corpo com o objetivo de levantar o mínimo de assinaturas necessárias para protocolar as emendas.

Contando com o apoio dos líderes partidários Renato Casagrande (PSB), Jamil Murad (PCdoB) e Henrique Fontana (PT) — que juntos garantiram 121 assinaturas —, os estudantes conseguiram 19 adesões a mais do que o necessário. Por meio da deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), a UNE já protocolou as emendas junto à Secretaria Especial de Comissões Especiais.

Batalha no Congresso
"O projeto avança", afirma o presidente da UNE, Gustavo Petta. "Não é como a gente queria, mas, em relação ao sistema atual, ele apresenta melhorias em diversos aspectos. Existe a oportunidade de transformarmos a estrutura elitista da universidade brasileira".

Segundo Petta, "a disputa real está colocada. Ou vamos com tudo, organizados, para dentro do Congresso, ou corremos o risco de perder a luta contra o lobby dos tubarões de ensino e das forças conservadoras que não querem reformar a educação no país". Para ele, a proposta atual não é a reforma ideal pleiteada pela entidade, mas incorpora importantes sugestões apresentadas pelo movimento estudantil durante os mais de dois anos de debates.

O presidente da UNE destaca alguns pontos: restrição em 30% do capital estrangeiro no ensino superior privado; mais rigor nos critérios para que uma instituição seja elevada à categoria de universidade; mais recursos para a assistência estudantil; obrigação das instituições de comunicarem com 60 dias de antecedência o reajuste nas mensalidades; e vinculação de 75% do orçamento destinado à educação para o ensino superior, para garantir sua expansão.

Emendas
As emendas da UNE ao projeto contemplam três eixos principais:

1) Com relação à assistência estudantil, tratada no artigo 47 do PL, a UNE propõe aumento — de 9% para 14% — no percentual de recursos. De acordo com a entidade, boa parte das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) já destina o valor equivalente ao proposto no atual projeto — e muitas "maquiam" os recursos direcionados à assistência;

2) Outra emenda diz respeito à luta da UNE para construir mecanismos de controle e fiscalização nos reajustes das mensalidades. É uma bandeira em defesa dos direitos dos estudantes das instituições particulares de ensino, já que os abusos e infrações cometidos contra os estudantes são recorrentes.

3) Sobre a eleição para o mandato de reitor e vice-reitor para a universidade federal, a UNE defende que a escolha seja realizada diretamente pela comunidade acadêmica, garantida a sua participação paritária no resultado eleitoral. É outra luta histórica da entidade na defesa da maior democratização dentro das Ifes.

Da redação, sobre texto do "Estudantenet".