Comunistas oferecem e pedem apoio no lançamento da candidatura Lula

“Esta convenção é o relançamento da esperança, esperança realista, fundada na experiência do governo, que renasce, fruto dos ensinamentos retirado dos erros e do compromisso mais avançado de perspectiva que vai adiante”, disse o presidente do PCdoB,

Renato Rabelo, representando um dos mais tradicionais e leais aliados do PT, como enfatizou o próprio Lula, fez parte da lista de sete oradores, incluindo o candidato à vice, José Alencar e o presidente Lula. Também falaram os presidentes do PT, Ricardo Berzoini; do PSB, Eduardo Campos; do PTB, Flávio Martinez e do Partido do vice-presidente, o PTR, Vítor Paulo.

 

O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), foi lembrado pelo presidente Lula, dentro da lista de saudações nominais que fez aos aliados presentes à mesa principal. “Ele parece bravo”, disse o presidente Lula, dirigindo-se a Rebelo, mas destacou como características do líder comunista “a lealdade e o companheirismo”. Rebelo recebeu os cumprimentos, sorrindo.

 

O deputado Inácio Arruda (CE), líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, outro comunista que participou da convenção, aproveitou a ocasião para cobrar do PT o estabelecimento de “laços mais fortes com os aliados”, destacando a necessidade de “fortalecer aliados históricos, como o PCdoB, que está com Lula desde 1989; e o PSB, que são aliados importantes”.

 

Também estiveram presentes à convenção a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), candidata ao senado com o apoio do PT; e o deputado Agnelo Queiroz (PCdoB-DF), que negocia com o PT do Distrito Federal uma candidatura conjunta ao Governo do DF. O próprio Inácio também ainda está em fase de negociação com o PT do Ceará o apoio à sua candidatura ao Senado.

 

A maior claque reunida na convenção foi da deputada distrital Arlete Sampaio, pré-candidata petista ao GDF, que disputou com o Presidente Lula o espaço para divulgação de sua candidatura, com carro de som e distribuição de material de campanha.

 

Coube ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, defender a união das duas candidaturas – Arlete e Agnelo, quando a platéia ensaiou vaias, caladas com as palavras de Berzoini: “A briga não é entre a gente, não podemos vacilar, a campanha não vai ser fácil para derrotar aqueles que privatizaram o Brasil”.

 

Para Inácio Arruda, “o PT tem que ter essa compreensão, das dificuldades que passamos com a disputa de poder que se estabeleceu com a eleição de Lula, o fato de chegarmos a esse momento é uma vitória do povo brasileira e da sociedade brasileira organizada”, afirmou, enfatizando o papel dos aliados históricos como PCdoB e PSB, que precisam ser fortalecidos.

 

Afinidades estratégicas

 

Entre os aliados, Renato Rabelo fez um dos discursos mais longos, onde destacou os avanços obtidos no governo Lula, a necessidade de um segundo mandato para ampliar esses avanços e reafirmou a posição do Partido Comunista do Brasil como aliado do PT em um projeto nacional de desenvolvimento do Brasil.

 

“O PCdoB não é aliado conjuntural ou temporário do PT ou do presidente Lula, temos afinidades estratégicas e nosso esforço não perde de vista a construção de projeto nacional de desenvolvimento baseado na soberania do Brasil, aprofundamento da democracia, do progresso social e da integração continental”, afirmou Rabelo.

 

Ele defendeu, como primordial e inadiável, para o segundo mandato de Lula, “a reforma política que fortalecesse os partidos, leve em conta a realidade pluripartidária e aprimore o sistema de representação política”.

 

Programa comum

 

O presidente do PCdoB disse que “o Partido sempre teve lado, sobretudo nos momentos mais críticos, defendemos o mandato do presidente Lula contra as tentativas golpistas e hoje o nosso partido defende e apóia a sua reeleição”, disse, acrescentando que “na etapa atual, insistimos na importância para a vitória e para governar, uma aliança política ampla, liderada por um núcleo de esquerda, orientada por um programa comum de governo, com responsabilidades definidas com os partidos que venham a compor o governo”.

 

Esse programa comum, na opinião de Renato Rabelo, “deve ser voltado sobretudo para o desenvolvimento mais forte, grande anseio nacional, com base no potencial criado no primeiro mandato, com distribuição de renda, ampliação do mercado interno e valorização do trabalho, ampliação dos projetos sociais, universalização da educação de qualidade e avanço da integração do continente e diversificação do mercado exterior, contribuindo para uma nova formação política e econômica mundial de solidariedade e equidade”.

 

Crítica à oposição

 

Para Renato Rabelo, “Lula é o presidente do povo, para desespero da aliança tucana-pefelista que passa para torpe baixaria, demonstrando que não tem mensagem, nada de novo a não ser o seu surrado projeto que encalhou o país nos oito anos de FHC”. As palavras do líder comunista foram seguidas de aplausos.

 

Na avaliação de Rabelo, “essa gente (oposição) não admite o êxito de um operário na Presidência da República, que dialoga e respeita os movimentos sociais, que transforma projetos sociais em grandes investimentos, que pode transformar o Brasil em potência energética, assumiu posição de inserção soberano no mundo e de solidariedade com os povos do nosso continente”.

 

Em seu discurso, a exemplo dos demais, Renato Rabelo destacou os principais programas e projetos sociais do governo Lula, destacando que “desenvolveu, em curto espaço de tempo, inúmeros e exitosos programas voltadas para as grandes carências de nosso povo – bolsa-família, Brasil Sorridente, Luz para Todos, Segundo Tempo etc”.

 

Disse ainda que “a candidatura (Lula) é a favorita da maioria do povo, mas não vamos subestimar nossos opositores que não terão escrúpulos, não agirão de acordo com as normas de boa decência, as provas do jogo sujo já foram dadas por ele”, acrescentando que “temos que cuidar da batalha para ser ganha, que exige muito de nós. Temos que fazer muito para obter êxito”,

 

Laços fortes

 

Inácio Arruda avalia que “a indicação de Lula para disputar novo mandato de Presidente da República é vitória expressiva da sociedade brasileira organizada, que ultrapassou uma barreira imposta por setores da grande elite econômica brasileira que tentaram de tudo para impedir que esse momento se materializasse”.

 

E disse ainda que “o PCdoB vai examinar na sua convenção – marcada para a próxima quinta-feira (29) – a proposta de coligação para eleição de Lula. Achamos importante estarmos coligados e, ao estabelecer aliança, o Partido mostra compromisso de governar o País, apontar rumo distinto para o nosso Brasil e estar ao lado de Lula. É esse o sentido da aliança política que o PCdoB estabelece”.

 

De Brasília
Márcia Xavier