Berzoini: Campanha vai priorizar avanços do governo Lula

O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, afirmou durante entrevista ao programa Canal Livre, levado ao ar pela TV Bandeirantes na noite deste domingo (18), que, na campanha eleitoral, seu partido vai priorizar o debate sobre os av

 

Os entrevistadores lembraram que a oposição deverá centrar fogo nas denúncias relativas à crise política do ano passado, usando para isso o relatório do procurador-geral da República, Luiz Fernando de Souza, que mandou o STF (Supermo Tribunal Federal) investigar 40 pessoas sob suspeita de terem praticado ilegalidades.
 

"Li três vezes (o relatório) e discordo de mais de dois terços do que está ali", ressaltou Berzoini, completando: "Se vai ser um roteiro para a oposição? Ótimo, a oposição pode usar à vontade. Nós vamos discutir com a população os quatro milhões de empregos formais gerados, o alcance do Bolsa Família, o avanço da saúde e assim por diante."
 

Ele afirmou que o PT aprendeu muito com a crise e defendeu a candidatura de integrantes do partido acusados de envolvimento no episódio. Sobre as pesquisas que dão ampla vantagem ao atual presidente da República, em provável candidatura à reeleição, disse que nada está decidido ainda.
 

"É um quadro muito favorável. Mas nós sabemos que a eleição começa com uma campanha muito disputada e que grandes temas serão tratados", adiantou Berzoini durante entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes.

Balanço

Para Berzoini, os eleitores não estão interessados em ouvir mais denúncias sobre o eventual envolvimento do partido com caixa dois ou com a compra de votos de parlamentares.
 

Ele salientou que mais importante é a comparação entre os feitos econômicos do governo do presidente Lula e do de Fernando Henrique Cardoso.

O presidente do PT voltou a citar a "herança maldita" recebida do governo anterior e descartou a idéia de que a política econômica de Lula seja a mesma de FHC. "Se fosse a mesma, o Brasil já teria quebrado".
 

"Nós temos um balanço positivo deste primeiro mandato do presidente Lula, pelas circunstâncias muito adversas com que nós assumimos na área econômica, com uma grande desorganização do Estado brasileiro", acusou.
 

Bancos

Ricardo Berzoini, que já foi presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, disse que o aumento dos lucros dos bancos é um problema que ainda não foi resolvido. "Esta é uma questão que não foi resolvida pelo nosso governo e é uma questão delicada", frisou.
 

Segundo avalia, houve um crescimento "indesejável" do lucro líquido das instituições financeiras desde o início da década de 90, tendo atingido o patamar de cerca de 30% no último ano.
 

O presidente do PT falou em medidas pontuais para reduzir o spread bancário, mas evitou falar em mudanças mais radicais no setor, ou em redução maior da taxa básica de juros.
 

"Eu acredito que nós precisamos tomar medidas objetivas para reduzir o spread bancário, melhorar o padrão de financiamento", reivindicou. "Eu nunca diria que a moleza vai acabar porque não depende só do governo. É uma relação que tem a ver com outros aspectos da sociedade."


Previdência

O também ex-ministro da Previdência disse discordar daqueles que defendem uma reforma da Previdência que modifique as exigências para a concessão de aposentadorias.

"Nós rejeitamos a tese de que se não fizer uma reforma paramétrica (de regras) de acesso à aposentadoria nós teremos um grande caos na Previdência", sustentou.

Ele voltou a falar em medidas para melhorar a eficiência na concessão de benefícios e na arrecadação que deverão ser aprofundadas em um segundo governo. Berzoini disse ainda que o propalado déficit superior a R$ 40 bilhões na realidade não existiria.

"Não tem déficit. Quando se fala em déficit da Previdência se ignora que a Cofins, que a CSLL e a CPMF são também receitas previdenciárias", argumentou, referindo-se à Constituição de 88, que prevê que parte desses impostos e contribuições seja usada para financiar a Previdência.

Fonte: Portal do PT