Wal-Mart poderia elevar salário e manter preço baixo, diz estudo
A rede varejista Wal-Mart poderia aumentar significativamente os salários e benefícios de seus empregados sem elevar seus preços, e ainda assim manter um lucro saudável, ainda que menor, segundo estudo divulgado na quinta-feira.
Publicado 15/06/2006 17:36
O relatório do Instituto de Política Econômica surge no momento em que a maior rede de supermercados do mundo enfrenta críticas de sindicatos, políticos e ativistas comunitários, que reclamam dos salários pagos e da ação predatória da rede sobre seus concorrentes.
O Wal-Mart, que tomou medidas para melhorar os planos de saúde e outros benefícios dos funcionários, argumenta que seus preços baixos ampliam o poder de compra do consumidor e, conseqüentemente, o seu padrão de vida. A rede costuma citar um estudo da Global Insight segundo o qual os supermercados Wal-Mart possibilitam uma economia anual média superior a 2.000 dólares para as famílias norte-americanas.
"A questão mais importante para o futuro não é se o Wal-Mart é uma força para o bem ou para o mal na economia norte-americana, mas se os benefícios econômicos gerados pelo Wal-Mart podem ser preservados mesmo que a compensação trabalhista melhore dramaticamente", escreveram os economistas Jared Bernstein e Josh Bivens.
Eles concluíram que, se o Wal-Mart reduzisse sua margem de lucro dos 3,6 por cento registrados em 2005 para os 2,9 por cento de 1997, a folha de pagamento poderia aumentar em 2,3 bilhões de dólares, sem elevação dos preços. Segundo os cálculos dos economistas, isso equivaleria a um pouco menos de 2.100 dólares por funcionário fora de cargos de gerência.
Segundo eles, o rival Cotsco Wholesale teve margem de lucro de aproximadamente 2 por cento em 2005. O estudo não menciona o grupo Target Corp., maior competidor do Wal-Mart no seu nicho, que teve margem de lucro de 4,7 por cento em 2005.
Por telefone, Bivens disse que o objetivo do estudo era refutar testes "desproporcionais" de que o Wal-Mart representaria uma economia de centenas de bilhões de dólares para os consumidores dos EUA e de que suas margens já eram bastante estreitas, de modo a não permitir melhorias trabalhistas sem que a conta fosse passada aos clientes.
"Sempre achei que eles tinham margens de lucro realmente estreitas", disse ele. "Eles são realmente um microcosmo da economia dos EUA. São muitíssimo bons em gerar faturamento, mas este precisa ser distribuído de forma mais igualitária."
O Wal-Mart diz criar dezenas de milhares de empregos por ano, muitos em bairros degradados, e que suas lojas beneficiam milhões de famílias trabalhadoras.
A rede também criticou o Instituto de Política Econômica por ser "financiado por grandes sindicatos".
"Vamos tratar as conclusões deste estudo com o mesmo ceticismo que [tratamos] outras declarações feitas por líderes trabalhistas que se opõem a nós", disse Kevin Thornton, assessor de imprensa do Wal-Mart.
"Temos orgulho do impacto econômico que temos sobre as comunidades –das oportunidades de emprego que geramos e do dinheiro que economizamos para as famílias trabalhadoras à arrecadação de impostos que geramos e à contribuição que fazemos a organizações beneficentes locais."
Fonte: Reuters