Nossa Caixa ajudou a patrocinar carnaval tucano em SP
Cem funcionários da Nossa Caixa desfilaram no Carnaval de 2006 em São Paulo com fantasias doadas pela escola de samba Leandro de Itaquera. Na passarela, eles ajudaram a engrossar o coro do samba-enredo sobre as obras do rio Tietê, uma exalta&
Publicado 05/06/2006 17:27
A Nossa Caixa pagou R$ 1,5 milhão à Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, a título de patrocínio do Carnaval neste ano. Esse gasto supera o investimento de R$ 1,2 milhão com a nova campanha publicitária para divulgar os resultados do banco em 2005.
Na sexta-feira, o deputado-corregedor da Assembléia paulista, Romeu Tuma Júnior (PMDB), requereu ao procurador-geral de Justiça, Rodrigo César Pinho, a abertura de investigação para apurar a suspeita de improbidade (liberação de verba pública sem a estrita observância das normas). O patrocínio do banco foi aprovado em 24 horas. A Nossa Caixa afirma não saber o valor repassado à Leandro de Itaquera.
Como o presidente dessa escola, Leandro Alves Martins, é filiado ao PSDB, Tuma quer saber se a Liga repassou dinheiro público para promoção pessoal de Alckmin.
Um carro alegórico da escola exibiu bonecos de Alckmin e de José Serra. "Há fortes indícios de montagem, de uma orgia administrativa", afirmou Tuma.
A Nossa Caixa alegou que "não tem mais nada a informar, além do que consta dos detalhados esclarecimentos já prestados à Assembléia Legislativa".
Assim como a calha do rio Tietê, a Leandro de Itaquera foi rebaixada de grupo com o enredo que homenageava a vitrine eleitoral do ex-governador. Em fevereiro, o carnavalesco da escola, Anderson Paulino, disse ao jornal que o enredo foi "pedido" de Alckmin. O presidente Leandro negou.
Tramitação acelerada
Depois de recusar uma primeira proposta da Liga, que pedira apoio de R$ 2 milhões, a Nossa Caixa aprovou o patrocínio nas vésperas do Carnaval.
O pacote incluía camarote VIP para 350 convidados, "alimentação, catraca, traslado e segurança", além de fornecimento de 4.650 ingressos de arquibancada para os dias de desfile. A Nossa Caixa teria "menções sonoras" durante o desfile e ampla veiculação do logotipo.
Em 20 de fevereiro, a gerente de marketing, Marly Martins, enviou solicitação da Liga à Presidência do banco, sob o argumento de que o Carnaval paulistano "tem se profissionalizado, tornando-se independente do poder público". Ela apontou os "ganhos inquestionáveis à imagem do banco".
Naquele mesmo dia, o presidente Carlos Eduardo Monteiro submeteu o pedido à diretoria executiva. A diretoria jurídica emitiu parecer favorável na mesma data, afirmando que "o patrocínio encontra amparo no ordenamento jurídico pátrio".
No dia 23 de fevereiro, foi assinado o contrato, e a Liga forneceu um recibo, com a mesma data, correspondente à parcela de R$ 600 mil. Uma segunda parcela, de R$ 500 mil, seria paga em 2 de março (não foi enviada à Assembléia a comprovação do terceiro pagamento, de R$ 400 mil, em 4 de abril).
Segundo Tuma observou em seu pedido, essa antecipação de 73,33% do total da verba para uma associação privada afronta o Decreto 43.914, de 1999, que determina que "o prazo de vencimento das obrigações contratuais deverá ser de 30 dias".
Fonte: Folha de S. Paulo