Canavieiros de Goiás em greve para ganhar 13 centavos
Cortadores de cana dos municípios de Rubiabata, Carmo do Rio Verde e Itapaci, em Goiás, pararam suas atividades essa semana para reivindicar melhores condições de trabalho. Só em Rubiabata há cerca de 750 trabalhadores parados. A reivi
Publicado 02/06/2006 13:53
Para o procurador do Trabalho de Goiás Marcello Ribeiro Silva, algumas das situações vividas no corte de cana de Rubiabata podem ser ilegais. Entre as reivindicações dos trabalhadores estão a devolução das carteiras de trabalho, que estão retidas pelos usineiros.
Pena dá dois a oito anos de prisão
A legislação trabalhista obriga o empregador a devolver a carteira de trabalho em até 48 horas. "O caso denunciado, se comprovado, é totalmente irregular. O Código Penal diz que constitui crime de redução da pessoa à condição análoga a de escravo cercear a liberdade do empregado por meio da retenção de documento", afirmou Silva.
Foi instaurado um inquérito para verificar qual a real situação dos trabalhadores. Caso comprovado esse crime, o empregador pode receber de dois a oito anos de prisão e ainda pagar uma multa determinada por um juiz, diz o procurador.
Ribeiro Silva também afirmou que o os usineiros não poderiam cobrar o transporte dos trabalhadores. "A situação deles é muito diferente de um trabalhador urbano, que tem vários meios de ir para o trabalho. No caso dos bóias-frias, eles dependem do transporte para cumprir as obrigações do contrato de trabalho. A empresa não pode de maneira nenhuma cobrar por esse transporte, porque o local não é servido por transporte regular público", afirmou.
Quando o trabalho “arrebenta”
O coordenador do Movimento dos Pequenos Agricultores, Guilherme Marciel, solidário com a greve, denuncia as condições salariais dos cortadores de cana. Segundo ele, um canavieiro em boa forma física trabalha cerca de oito horas e meia por dia para ganhar R$ 40. Com o aumento, ganharia R$ 52 por dia. Já os que não têm condições físicas adequadas podem ficar com R$ 15 ao fim de um dia de trabalho.
Maciel disse que os bóias-frias se acidentam muito durante o corte da cana e não recebem nenhuma indenização por isso. "Arrebentam os nervos, tem pessoas que arrebentam os músculos. Eles se arrebentam de fazer esforço para cortar a cana", disse.
Com informações
da Agência Brasil