Trabalho das parteiras faz parte da luta pela humanização do parto
Com o título "Mães da Pátria – Movimento pela Valorização das Parteiras Tradicionais", foi realizada audiência pública para discutir a situação das mulheres parteiras de várias partes do Brasil, prin
Publicado 31/05/2006 20:13
Após a audiência foi lançado o livro Mulheres e Parteiras – Cidadania e Direito Reprodutivo, organizado pela ONG Curumim, entidade feminista de atuação nacional com sede em Recife.
A Câmara promove também a exposição fotográfica "Mães da Pátria", organizada pelo Movimento pela Valorização das Parteiras Tradicionais. A mostra reúne fotografias da publicitária Bia Fioretti, que pesquisa e cadastra parteiras brasileiras e de outros países. As imagens exibem parteiras que preservaram seus costumes, valores e tradições e fica em cartaz, no corredor do Plenário de 30 de maio a 14 de junho de 2006.
Para qualquer parteira, a cada parto ela ganha um filho e para as crianças nascidas, a parteira é a suas segunda mãe. Segundo a fotógrafa Bia Fioretti, "essas fotos representam, para as mães do nosso povo, as raízes da nossa terra. A casa Congresso Nacional representa essa pátria", assim justifica Bia a decisão de fazer sua primeira exposição "dentro do maior símbolo da pátria, o Congresso Nacional".
Profissão antiga
Segundo a deputada Fátima Bezerra (PT-RN), que solicitou a audiência, a profissão parteira precisa ser reconhecida pelo Estado. "Precisamos resgatar o processo natural do parto. Um parto que respeite a mulher, que lhe dê informações sobre os procedimentos que vão ser feitos durante o parto. Dizer quais são as suas opções e os seus direitos. Um parto humanizado que ofereça um suporte físico, psicológico, com informações e orientações para que ela possa viver seu parto com segurança, satisfação e plenitude", enfatiza a deputada.
Segundo ela ainda, a profissão parteira talvez seja uma das mais antigas da humanidade. No Brasil, as parteiras são inúmeras e incontáveis. Em algumas regiões elas viajam quilômetros a pé, a cavalo, em pequenas embarcações, por estradas, rios ou no meio da mata. Às vezes, devido às dificuldades de locomoção, passam vários dias na casa da parturiente, à espera da hora do parto.
A parlamentar destacou ainda a experiência das parteiras em partos humanizados, pois são mulheres que conhecem a realidade de cada uma das famílias e participam da cultura local. "Elas tranqüilizam as pacientes com rezas, pedindo proteção aos santos, Deus e, em especial, à Nossa Senhora. Cantam para a paciente canções de estímulo e de conforto.
Abastecem a casa de tudo que é necessário e, se falta alimento, tiram do seu próprio sustento. Auxiliam nos trabalhos domésticos da cozinha, da lavagem da roupa, do cuidado com as crianças. Assistem à mãe após o parto, observando sintomas e orientando sobre registro de nascimento, vacinações, entre outros direitos", ressaltou a deputada.
Maternidade segura e afetiva
Para a deputada Luiza Erundina, a audiência vai fortalecer a iniciativa da ex-deputada Janete Capiberibe (PSB-AM) que apresentou projeto de lei para regulamentar a profissão das parteiras. Segundo Erundina, as parteiras garantem uma maternidade segura e afetiva a milhares de mulheres que não têm acesso ao serviço público de saúde.
"A ação das parteiras começa a ser reconhecida. Em alguns hospitais do Nordeste e Norte, as parteiras já participam dos partos. São mulheres sem grandes pretensões econômicas que doam o seu tempo à mulher que está parindo. Cumprem uma missão. São confidentes, humildes, corajosas, pacientes, compreensivas e amorosas", afirmou a parlamentar.
Porta-voz
O livro Mulheres e Parteiras – Cidadania e Direito Reprodutivo, pretende ser porta-voz e transcrever suas histórias, conflitos, com a intenção de valorizar, reconhecer e agradecê-las publicamente por essa dedicação humanitária.
A publicação, resultado de vários encontros de parteiras de Pernambuco, organizados pela ONG feminista Curumim e a Rede Reflect-Ação, mostra para as parteiras e mulheres que todas as cidadãs brasileiras precisam conhecer e se informar melhor sobre seus direitos, principalmente, os direitos à saúde, que são muitas vezes negados e desrespeitados.
Serviço:
Estará à disposição dos visitantes um livro de homenagem para os nascidos de parteiras deixarem o nome e o local de origem de sua parteira, para ser incorporado nessa Galeria de Homenagem.
De Brasília
Márcia Xavier