Alckmin precisa melhorar nas pesquisas para acabar com divergências
Os tucanos querem acabar com as divergências entre o PSDB e o PFL. E esperam conseguir isso a partir da primeira reunião do conselho político da campanha de Geraldo Alckmin, formado por representantes dos dois partidos, marcada para esta
Publicado 29/05/2006 17:12
As divergências entre as duas agremiações se intensificaram na semana passada, após a divulgação de pesquisas de intenção de voto apontando o crescimento da candidatura do presidente Lula e a queda de Alckmin.
Às vésperas da formalização da aliança entre PSDB e PFL, que ocorre na quarta-feira (31), em Brasília, Geraldo Alckmin preside a primeira reunião do conselho político de sua campanha. A idéia do grupo é fazer encontros periódicos para estabelecer rumos, estratégias e tentar aparar os recorrentes atritos internos.
Se a coligação PSDB-PFL conseguir atrair um outro partido para sua aliança, o que é pouco provável, segundo analistas políticos, a legenda também terá assento nesse fórum. O Conselho foi a fórmula encontrada para absorver o impacto de divergências internas e evitar que, ao se tornarem públicas, se transformem em crises de imagem.
César Maia, o mais ácido crítico dos rumos da candidatura, será incorporado ao colégio de analistas estratégicos da campanha. O candidato à vice-presidente, José Jorge (PFL-PE), ofereceu como missão ao prefeito do Rio na campanha presidencial organizar as análises e tendências das pesquisas eleitorais.
As pendências eleitorais entre os dois partidos nos Estados também contribuem para acirrar os ânimos entre tucanos e pefelistas. Alguns tucanos atribuem o bate-boca entre o prefeito do Rio, César Maia, e os líderes do PSDB, semana passada, como resultante do lançamento da candidatura de Eduardo Paes (PSDB-RJ) ao governo do Rio de Janeiro.
Quadro fechado
Os estrategistas de Alckmin torcem por mais candidaturas – além das já colocadas de Heloísa Helena (PSOL) e Enéas Carneiro (PRONA). Eles querem que o PDT lance o senador Cristovam Buarque (DF) e o PPS participe com Roberto Freire. A avaliação é de que esses partidos também tomariam votos de Lula junto ao eleitorado de esquerda descontente com o governo petista, mas que não se sente representado pelo tucano Alckmin, aliado de FHC.
Mas o desejo dos tucanos/pefelistas vai ficar só na vontade. Tanto o PDT quanto o PPS têm muito a perder e praticamente nada a ganhar com candidaturas presidenciais.
O PDT, por exemplo, para disputar a presidência com um candidato que tem apenas 1% de intenções de voto, terá de sacrificar sua bancada na Câmara dos Deputados e lançará a sobrevivência da legenda numa situação de alto risco, uma vez que aumentará suas dificuldades para superar a cláusula de barreira de 5% dos votos nacionais. Além disso, o PDT perderá competitividade nas eleições para o governo de estados como o Rio Grande do Sul (Alceu Collares) e Paraná (Osmar Dias), pois restringirá suas opções de alianças locais.
O mesmo raciocínio vale para o PPS. Com candidato próprio, o partido perderá aliados como o PFL, no Mato Grosso, dificultando a reeleição de seu governador, Blairo Maggi, que concorre como favorito, e reduzindo as chances da deputada Denise Frossard (RJ) na disputa pelo governo do Rio. A candidatura de Roberto Freire poderia comprometer ainda as eleições para deputado estadual e deputado federal, e também arriscaria a sobrevivência da legenda por causa da cláusula de barreira.
A análise é de que o quadro da disputa presidencial está praticamente fechado com as candidaturas de Lula à reeleição, de Alckmin pela coligação PSDB-PFL, Heloísa Helena, pela aliança PSOL-PSTU-PCB, e Enéas Carneiro, pelo Prona. O PMDB não terá candidato próprio e é altamente improvável que se alie formalmente ao PT de Lula ou à aliança de Alckmin. PDT e PPS também caminham para campanhas exclusivamente regionais.
Com agências