Sessão Especial comemora abolição da escravatura em Manaus

Por iniciativa da vereadora Lucia Antony (PCdoB) será realizada uma Sessão Especial na Câmara Municipal de Manaus, no dia 24 de maio, às 15 horas, em comemoração ao dia da Abolição da Escravatura na Cid

O principal tema em debate será a história da emancipação na Amazônia e particularmente no estado do Amazonas, considerando que Manaus foi a segunda cidade no Brasil a abolir a escravidão, em 24 de maio de 1884, quatro anos antes da Princesa Isabel ter assinado a Lei Áurea, tendo a Província do Amazonas seguido o exemplo e concretizado a abolição em 10 de julho do mesmo ano. O estado do Ceará e do Rio Grande do Sul foram os outros dois estados brasileiros que se anteciparam à Lei Áurea.

Com o objetivo de reconhecer oficialmente esse fato histórico, a vereadora Lucia Antony apresentou na Câmara Municipal de Manaus um projeto de lei que insere no calendário oficial do Município a data 24 de maio como o Dia da Abolição da Escravatura em Manaus. "É um fato histórico importante que precisa ser reconhecido como tal. Poucas pessoas têm conhecimento de que a nossa cidade se antecipou em combater a desigualdade racial", destaca a vereadora.

Durante a Sessão Especial, a historiadora e antropóloga Patrícia Sampaio, professora da Universidade do Amazonas (UFAM) fará um histórico da abolição da escravatura em Manaus, tema de sua tese de doutorado pela Universidade Federal Fluminense.

Segundo o historiador Robério Braga, "foi da maior relevância o desempenho de Almino Afonso e Gentil Rodrigues de Souza", inclusive na obtenção de recursos para alforriar os escravos que ainda restavam nas senzalas. Ele também cita em sua obra outras figuras proeminentes da província se destacaram na luta abolicionista em Manaus e no Amazonas, como Lima Bacury, José Paranaguá e Leonardo Malcher.

Para a vereadora Lucia Antony, independente dos interesses que levaram a elite da sociedade amazonense a apoiar a abolição, o que importa é que este foi um fato significativo de contraposição à discriminação e à desiguadade social.

Programação

Na abertura da sessão, o hino nacional será interpretado, em ritmo afro, pelo grupo de capoeira Cativeiro. A programação também inclui exposição de objetos de arte, máscara, instrumentos musicais e itens da culinária africana, que ocorrerá no pátio interno do prédio da Câmara. Também haverá participação do grupo indígena Tikuna Wotchimãücü, como forma de enfatizar a integração entre os grupos étnicos na região.

Após o encerramento dos debates, será lançado o Movimento dos Afro-descendentes do Amazonas (MOAM), que tem como objetivo congregar os diversos grupos ligados à questão da negritude que atuam em Manaus.

Segundo Alberto Jorge Silva, um dos fundadores do MOAM e coordenador da Coordenação Amazonense de Religiões de Matrizes Africanas e Ameríndias (CARMA), a idéia de criar uma nova entidade é enfatizar a afro-descendência, deixando em segundo plano a questão da cor da pele. "Num país com tamanha miscigenação é impossível identificar os afro-descendentes por sua cor. Existem muitos brancos de descendência negra", afirma.

De Manaus

Rosângela Alanís